Abstract
Tradicionalmente o fungo Histoplasma capsulatum var. capsulatum tem sido descrito como causador de doença respiratória em indivíduos imunocomprometidos e mais recentemente em indivíduos hígidos que visitam cavernas, grutas e matas fechadas. No presente estudo, procuramos correlacionar o hábito de visitar cavernas com o possível desenvolvimento de histoplasmose infecção ou doença, por meio da avaliação de questionários semi-estruturados aplicados a 68 indivíduos que visitaram cavernas em diferentes Estados do Brasil, bem como pela pesquisa de anticorpos circulantes anti-H. capsulatum empregando-se as técnicas de imunodifusão dupla e immunoblotting. Oitenta e sete porcento dos entrevistados relatam visitar frequentemente cavernas exploradas (100%) e virgens (73%), sendo que este número variou de cinco a mais de 200 vezes com permanência de poucas horas (1-2 h) até dias. Cinqüenta e três porcento citam ter ingerido água das minas que nascem no interior das mesmas. Vinte porcento relatam a captura de morcegos, 20% de aranhas, 7% de mamíferos em geral, 7% de peixes, 53% de solo, 20% de pedras e 27% de plantas. Quanto à localização das cavernas, 27% situam-se na região sul; 67% na sudeste; 47% na centro-oeste; 7% na nordeste e 7% na norte Por immunoblotting, o reconhecimento específico dos soros frente à fração M revelou que 100% dos indivíduos entrou em contato com o patógeno. A análise dos resultados sugere que visitas a cavernas habitadas por morcegos e/ou aves e que contenham formas infectantes (conídios) de H. capsulatum possam contribuir para o desenvolvimento da histoplasmose infecção e/ou doença. Como medidas preventivas sugerimos que os órgãos de saúde alertem tanto a população como as agências de turismo quanto à necessidade do uso de máscara para adentrarem as cavernas, bem como seja informado que a coleta e transporte de solo, pedras, plantas e animais não são recomendadas visto serem potenciais fontes de infecção.

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