SURTOS DE DOENÇAS TRANSMITIDAS POR ALIMENTOS (DTAs) NA REGIÃO DA GRANDE SÃO PAULO NO PERIODO DE 2000 A 2008

Abstract

As doenças transmitidas por água e alimentos (DTAs) constituem ainda um importante problema de saúde pública em todo o mundo. Uma grande variedade de agentes estão associados com a ocorrência destas doenças e a nível mundial, o espectro das DTAs tem aumentado com a identificação de novos agentes como a Escherichia coli O157: H7 dentre outros. O perfil epidemiológico das DTAs é ainda pouco conhecido no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que a agentes bacterianos são as causas mais
comuns de surtos de DTAs, mas aqueles com etiologia indeterminada representam ainda um percentual significativo. Neste estudo foram avaliados os surtos de DTAs ocorridos na região da Grande São Paulo, no período 2000 - 2008. As coproculturas dos 811
acometidos, na sua grande maioria crianças menores de 5 anos, foram realizadas na Seção de Bacteriologia do Laboratório Central do IAL, seguindo as normas padronizadas para isolamento de enterobactérias patogênicas e Campylobacter spp. A identificação
dos agentes bacterianos foi realizada por testes bioquímicos, sorológicos e moleculares. Entre os 110 surtos de DTAs ocorridos neste período, a etiologia bacteriana foi determinada em 22,7% (25/110). Entre os 25 surtos onde foi identificado um agente
bacteriano, observamos que 11 (44 %) surtos foram ocasionados pela Salmonella, 8 (32%) por Shigella , 3 (12 %) por E.coli enteropatogênica (EPEC) , 3 (12% ) por E.coli enterotoxigênica (ETEC). Não foi observado nenhum surto de DTA por E.coli produtora
da toxina Shiga (STEC); no entanto, cepas de STEC, incluindo a O157: H7 foram isoladas de pacientes, na vigência de um surto ocasionado por Shigella. Vários fatores estão associados com a emergência destas doenças, e apesar das consideráveis melhorias no controle da qualidade e na segurança dos alimentos, surtos de DTAs ainda são de ocorrência freqüente no nosso meio.