Prevalência da coinfecção dos vírus das hepatites B e D na Amazônia Ocidental

Abstract

A hepatite Delta (HDV) é uma doença causada por um vírus satélite dependente do vírus da hepatite B (HBV) para a sua replicação e afeta aproximadamente 18 milhões de pessoas no mundo, constituindo um grave problema de saúde pública, principalmente na região amazônica brasileira. O presente estudo teve por objetivo determinar a prevalência da coinfecção pelo HBV e HDV em população da região amazônica. As amostras analisadas são referentes ao período de junho de 2023 a junho de 2024, com exames realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Estadode Rondônia (LACEN/RO), que atende aos 52 municípios do estado e regiões adjacentes. O diagnóstico sorológico foi realizado a partir da detecção do antígeno HBsAg, seguido pela detecção do anticorpo anti-HDV por meio do método de imunoensaio por quimioluminescência. Os dados epidemiológicos foram obtidos no sistema de Gerenciamento de Ambiente Laboratorial (GAL), versão 2.21. De 2.410 amostras reagentes para o marcador HBsAg, 3,94% (95/2.410) foram reagentes para o anticorpo anti-HDV. A população analisada teve uma mediana de idade de 48 anos, com prevalência de indivíduos do sexo masculino (56,84%, 54/95). A maioria das amostras reagentes era de residentes do estado Rondônia (75,78%, 72/95), sendo as demais pertencentes ao estado do Amazonas (n = 23). Em Rondônia, os casos estavam distribuídos por 16 municípios, com a capital Porto Velho apresentando o maior número de casos (58,33%, 42/72). No Amazonas, Lábrea foi o município com o maior número de amostras reagentes para o anti-HDV (73,91%, 17/23) entre os quatro municípios incluídos no estudo. A testagem e o monitoramento para o HBV e HDV, bem como a imunização contra o HBV, devem ser estratégias de saúde pública contínua na Amazônia, considerando que o HDV possui alta endemicidade na região e é o vírus de maior morbimortalidade entre as hepatites virais.