Abstract
A resistência antimicrobiana (RAM) é um desafio global de saúde pública. Em 2024, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou os microrganismos prioritários para pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos medicamentos em que as bactérias gram-negativas resistentes a antibióticos de último recurso, no qual Acinetobacter baumannii (A. baumannii) e patógenos da ordem Enterobacterales foram listados como prioridade crítica. A. baumannii é um cocobacilo gram-negativo comumente isolado do ambiente. Sua capacidade de formar biofilme e resistência à dessecação e desinfetantes garantem sua persistência em ambientes hospitalares, colonização de dispositivos mecânicos como cateteres e equipamentos de ventilação, sendo responsável por infecções oportunistas em imunocomprometidos. A pandemia de COVID-19 contribuiu significativamente para o aumento de casos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS), devido ao aumento das hospitalizações, tempo de permanência em unidades de tratamento intensivo, uso de ventiladores mecânicos, além do uso indiscriminado e excessivo de antibióticos. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o surto de IRAS ocorrido na região de Araçatuba durante a pandemia de COVID-19 (2020-2022). As análises laboratoriais foram realizadas pelo Polo Avançado de Monitoramento da Resistência Instituto Adolfo Lutz (IAL) de Marília e os dados dos pacientes obtidos através do sistema GAL (Gerenciador de Ambiente Laboratorial). O IAL de Araçatuba recebeu 56 isolados bacterianos de IRAS dos hospitais da região neste período, dos quais 100% eram bactérias gram-negativas e 85,7% identificadas como A. baumannii. Dos isolados de A. baumannii, 52% eram de pacientes do sexo masculino e 48% feminino, com média de idade de 59,2 anos e 52% provenientes de secreção traqueal. As análises obtidas corroboram a preocupação da OMS com relação às bactérias gram-negativas, dentre elas A. baumannii, uma vez que isolados resistentes aos carbapenêmicos contribuem para aumento de morbimortalidade de pacientes infectados. O combate à RAM exige esforços globais em prevenção e controle de infecções, criação de novos medicamentos e vigilância atuante.
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Copyright (c) 2024 Tatiane Ferreira Petroni, Juliana Galera Castilho Kawai, Lucas Xavier Bonfietti, Claudia Regina Delafiori, Doroti de Oliveira Garcia