Explorando a diversidade da Mata Atlântica na composição do mel do Vale do Ribeira em São Paulo

Abstract

A apicultura familiar nas comunidades quilombolas do Vale do Ribeira é uma atividade econômica, ecológica sustentável e de inclusão social promovida pelo Governo do Estado de São Paulo, visando políticas públicas para a promoção da saúde da população. A região abriga o maior fragmento florestal preservado de Mata Atlântica do Brasil. Nesse contexto, objetivou-se avaliar pela melissopalinologia e análises físico-químicas de cinco amostras de méis centrifugados entre 2021 e 2023, coletadas no período de maior floração na região (de dezembro a fevereiro), e que foram produzidas em apiários da comunidade quilombola de Pilões (24°29’08.5” S e 48°28’58.9” O), no município de Iporanga. Para a análise melissopalinológica utilizou-se o Método Clássico Europeu sem acetólise e, para a análise físico-química, os métodos de análise do IAL e IHC. Os resultados obtidos demonstraram que nenhuma amostra foi monofloral. Nas amostras de janeiro de 2021, houve a maior contribuição do néctar das palmeiras nativas Astrocaryum, Attalea/Butia, Euterpe/Syagrus e do arbusto Heimia apetala; enquanto nas de janeiro de 2022, predominou o néctar de Euterpe/Syagrus, da arbórea Piptadenia e de Heimia apetala. Em fevereiro de 2023, a maior contribuição de néctar foi de Attalea/Butia e Euterpe/Syagrus. Os resultados das análises fisico-químicas tiveram os intervalos para pH 3,79-4,32, condutividade elétrica 0,85-2,40 mS.cm^-1, umidade 18,7-21,4% e acidez total 18,9-32,0 mEq.kg^-1, sugerindo uma pequena variação entre os anos nos parâmetros analisados. A análise multivariada permitiu classificar as amostras em dois grupos distintos: um com base na acidez total e umidade (relacionadas à qualidade), e outro no pH e condutividade elétrica (relacionados ao conteúdo polínico dos méis). Os resultados possibilitaram caracterizar e avaliar a qualidade dos méis coletados em Mata Atlântica em um mesmo período de floração, mas em diferentes anos, o que é fundamental para se aprimorar a rotulagem do produto regional, possibilitando sua maior valorização nos mercados.