Avaliação do potencial terapêutico do sesquiterpeno endoperóxido isolado de Drimys brasiliensis contra Schistosoma mansoni: uma análise abrangente em estudos pré-clínicos

Abstract

A esquistossomose é uma doença negligenciada de alto impacto social, ocasionada por parasitas do gênero Schistosoma,afetando uma população global estimada em mais de 250 milhões de pessoas. Atualmente, o tratamento e controle desta doença dependem exclusivamente do praziquantel, cujas limitações ressaltam a necessidade premente de desenvolver novos agentes terapêuticos eficazes. Neste contexto, a biodiversidade desempenha um papel crucial na busca por novos tratamentos. Estudos prévios evidenciaram que diversos terpenoides e derivados de endoperóxido apresentam atividade antiparasitária promissora contra Schistosoma mansoni. No presente estudo, isolamos o endoperóxido natural 3,6-dióxi-bisabola-1,10-dieno (DBD) do extrato hexânico dos ramos de Drimys brasiliensis (Winteraceae). A eficácia do DBD foi avaliada em ensaios in vitro e in vivo em S. mansoni. Os resultados revelaram uma notável redução na viabilidade do parasita in vitro e ainda na eliminação de 100% dos vermes adultos a uma concentração de 50 µM. Análises computacionais in silico presumiram propriedades farmacológicas promissoras, alinhadas aos rigorosos padrões da indústria farmacêutica, incluindo perfis farmacocinéticos ADME favoráveis, aderência aos critérios de Lipinski e ausência de alertas para interferência de pan-ensaio (PAINS). Além disso, a administração oral de DBD (400 mg/kg) em camundongos infectados por Schistosoma mansoni resultou em uma redução significativa de aproximadamente 98% no número de ovos nos tecidos e nas fezes. Não foram observados sinais de toxicidade em linhagens celulares de mamíferos e no modelo invertebrado Caenorhabditis elegans. Os resultados indicam o potencial promissor do DBD no desenvolvimento de novos tratamentos contra a esquistossomose, destacando sua viabilidade como uma alternativa terapêutica eficaz.