Resumen
A tuberculose é uma doença de transmissão aérea causada pelo complexo Mycobacterium tuberculosis (CMTB). Apesar de curável, é a segunda doença infecciosa responsável pelo maior número de mortes globalmente. Seu diagnóstico, tratamento e prevenção ainda são desafiadores, favorecendo a emergência da resistência aos fármacos prescritos na tuberculose sensível, entre eles, rifampicina e isoniazida, os antituberculosos mais eficazes. Monitorar a doença é fundamental, principalmente para o controle e prevenção da tuberculose multirresistente (TB-MR), isto é, resistente à rifampicina e isoniazida, cujo tratamento é mais complicado. Este estudo descreve a prevalência da tuberculose resistente a esses dois antimicrobianos no estado de São Paulo entre 2019 e 2021, diagnosticada laboratorialmente no Instituto Adolfo Lutz Central. Os isolados foram submetidos ao GenoType MTBDRplus, teste que detecta o CMTB e sua resistência a rifampicina (gene rpoB) e isoniazida (katG e inhA). Dos 13.635 isolados examinados, 13.209 (96,9%) pertenciam ao CMTB (um isolado por paciente). Entre eles, 157 (1,2%) mostraram-se multirresistentes, 229 (1,7%) monorresistentes à rifampicina (mono-RIF) e 259 (2,0%) à isoniazida (mono-INH). A prevalência anual da TB-MR manteve se em 1,2%. A da mono-RIF foi de 1,5% em 2019, aumentando para 1,8% em 2020 e 1,9% em 2021. Em 2019, a mono-INH foi de 2,0%, caindo para 1,6% em 2020 e aumentando para 2,2% em 2021. Entre os isolados multirresistentes, 114 (72,6%) apresentaram mutações nos genes rpoB e katG, 29 (18,5%) no rpoB e inhA, e 14 (8,9%) nos três genes. A maioria dos mono-RIF (n = 189/229; 82,5%) apresentou mutações inferidas, i.e., o teste indicou haver mutações sem, entretanto, identificá-las. Entre os mono-INH, 145 (56%) tinham mutações no inhA, 113 (43,6%) no katG e um (0,4%) em ambos os genes. Neste estudo, realizado no período pré e durante a pandemia da COVID-19, a prevalência de TB-MR permaneceu estável e houve tendência de aumento da tuberculose monorresistente a rifampicina e isoniazida.
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