Imunização intranasal com cepa de Neisseria lactamica viva ou inativada pelo calor não induz anticorpos bactericidas contra Neisseria meningitidis B

Resumen

 Evidências imunológicas e epidemiológicas sugerem que a colonização da nasofaringe por Neisseria sp. comensais, especialmente N. lactamica, contribui para a imunidade natural contra a doença meningocócica (DM), causada por N. meningitidis. Este estudo utilizou um modelo murino para avaliar se a administração intranasal de N. lactamica induziria resposta funcional contra a DM. Camundongos BALB/c receberam quatro doses de 20 μL de uma suspensão de células (D.O._650nm = 0,5) de N. lactamica vivas ou inativadas pelo calor em intervalos de sete dias. Toda a manipulação de cepas vivas foi realizada dentro de cabine de segurança biológica. Para efeito de comparação, outro grupo recebeu vesículas de membrana externa (OMV) de Neisseria meningitidis B:4:P1.15, uma cepa epidêmica brasileira. Os camundongos desenvolveram anticorpos IgA e IgG no soro, e os anticorpos também reconheceram cepas heteróloga de outras Neisserias comensais: N. subflava, N. elongata, N. sicca, N. perflava, N. mucosa, conforme determinado por ELISA. Através de Immunoblotting, avaliou-se que os anticorpos IgG de camundongos imunizados com N. lactamica viva ou inativada por calor reconheceram proteínas na faixa de 30-65 kDa; em contrapartida, os anticorpos de camundongos imunizados com OMV de N. meningitidis reconheceram proteínas de 10-85 kDa. Por fim, se observou atividade bactericida apenas no soro dos camundongos imunizados com OMVs de N. meningitidis e não no soro dos grupos imunizados com N. lactamica. O anticorpo monoclonal reconheceu uma proteína de 50 kDa em Immunoblotting das cepas comensais, sugerindo que seja um antígeno compartilhado pelas cepas de Neisseria. A presença de anticorpos bactericidas séricos é o correlato de proteção contra a DM; porém, a imunidade da mucosa nasal, sítio de entrada do patógeno, também pode desempenhar um papel importante. A falta de atividade bactericida no soro de camundongos imunizados com N. lactamica pode indicar que outros mecanismos protetores atuem ao nível da mucosa.