Mosquitos silvestres encontrados em criadouros artificiais em Área de Proteção Ambiental na cidade de São Paulo, Brasil

Resumen

Mais de 700.000 mortes anualmente estão associadas à transmissão vetorial, representando mais de 17% das doenças infecciosas. Algumas espécies de mosquitos silvestres mantêm arbovírus circulando na natureza e são responsáveis por epizootias, zoonoses e infecção acidental em humanos. O objetivo deste estudo foi investigar os criadouros de culicídeos da tribo Sabethini em uma região de Mata Atlântica no município de São Paulo, Brasil. A Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos é a primeira Unidade de Conservação de Uso Sustentável do município, com 25.138 hectares, localizada no extremo sul da zona sul, nos distritos de Parelheiros e Marsilac. As larvas dos mosquitos foram coletadas de março/2015 a abril/2017, em três pontos previamente selecionados de acordo com os diferentes graus de antropização. Os espécimes foram coletados em criadouros naturais e artificiais que continham água, cujas técnicas foram conchada, esvaziamento de recipiente, sucção e peneira. O monitoramento e a identificação dos espécimes ocorreram no Laboratório de Entomologia em Saúde Pública da FSP/USP. Os indivíduos adultos foram identificados morfologicamente com auxílio de chaves dicotômicas. No total, foram coletados 1.001 espécimes, distribuídos em 15 táxons, pertencentes aos gêneros Limatus, Sabethes e Wyeomyia. Nos criadouros naturais, foram coletados 418 espécimes, pertencentes a 15 táxons, e nos artificiais foram 583, pertencentes a três táxons. É importante salientar que a literatura aponta algumas espécies da tribo Sabethini sendo mais propensas ao desenvolvimento em ambientes antropizados. Nossos achados mostram que três táxons se desenvolviam em criadouros artificiais deixados pelo ser humano no ambiente silvestre. Dados sobre a bioecologia de espécies silvestres de culicídeos são fundamentais para o entendimento de seus papéis nos ciclos de transmissão de arbovírus, visto que espécies da Tribo Sabethini são apontadas como vetoras e potenciais vetoras de arboviroses. A compreensão de aspectos adaptativos traz novas perspectivas ao controle vetorial de interesse em Saúde Pública.