Penicilinoterapia em um caso de tares dorsalis
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Como Citar

1.
Gomes L de S. Penicilinoterapia em um caso de tares dorsalis. Rev Inst Adolfo Lutz [Internet]. 19º de janeiro de 1945 [citado 23º de julho de 2024];5(1):1-11. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/RIAL/article/view/33137

Resumo

Em um doente de tabes dorsalis, com 78 anos, apresentando paralisia dos membros inferiores, dores fulgurantes frequentes e severas, distúrbios gástricos, incontinência urinária inicial e mau estado geral, tendo a moléstia aparecido mais de 50 anos após o acidente sifilítico inicial, foi feito um tratamento intensivo de penicilina. O medicamento foi injetado no raque, diariamente, durante 7 dias, em doses crescentes de 15.000 até 82.500 unidades Oxford. Simultaneamente foram também injetadas no músculo, doses que variavam de 50 a 90.000 unidades, em 24 horas e durante 10 dias. A dose total dada no raque e no músculo atingiu 1.110.000 unidades em 10 dias (297.500 intratecais e 812.500 intramusculares). Ao finalizar este tratamento o doente sofreu forte crise gástrica que o prestou por alguns dias e que foi seguida de uma crise vesico-prostática. Discute-se a possibilidade de estarem estas crises na dependência de uma grande alcalinização sofrida pelo organismo, devido à própria penicilina sódica injetada, e também, às altas doses de soro glicosado, dadas para contrabalançar o profundo estado de adinamia do doente. Os resultados observados entre 48 e 60 dias, após o tratamento, podem ser assim resumidos: - Clínicos - melhora de cerca de 75% sobre as dores fulgurantes (frequência e intensidade) e total sobre a incontinência urinária que se manifestara alguns dias antes do tratamento. Os distúrbios gástricos desapareceram e o estado geral foi grandemente melhorado. Houve volta dos reflexos cutâneo-plantares e de ligeira reação pupilar à luz, ambos ausentes antes do tratamento. Humorais - (líquor) - acentuadas melhoras tanto citológicas como nas reações globulinicas (Pandy, Weichbrodt) na de Takata-Ara, no teor de albumina e na reação do benjoin coloidal, especialmente na sua zona intermediária ou parenquimatosa; (sangue) - ligeira diminuição na positividade (R. de Wassermann e Kahn). Baseado na presente observação, sugere-se que se possa, talvez, aumentar a dose habitual de 20.000 unidades diárias, no raque, para 40 ou 50.000, durante 7-10 dias, isso sem maior perigo para o doente e com probabilidades de muito maior proveito.
https://doi.org/10.53393/rial.1945.5.33137
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Referências

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