Resumo
Existem problemas no diagnóstico da infecção pelos vírus linfotrópicos de células T humanas(HTLVs) em pacientes co-infectados pelo HIV e indivíduos de risco para adquirir esta infecção. Desde dezembro/1998, a Seção de Imunologia do IAL-SP oferece diagnóstico sorológico para HTLV-1/2 a unidades de saúde pública que atendem esses indivíduos. De dezembro/1998 a março/2006, 2312 amostras de soro: 791 mulheres e 1521 homens, idade entre 21-50 anos, foram testadas quanto à presença de anticorpos anti-HTLV-1/2 utilizando dois ensaios imunoenzimáticos(EIAs) de princípio e composição antigênica diferentes, um contendo lisado viral de HTLV-1. Amostras sororeativas em pelo menos um EIA foram confirmadas pelo Western-Blot-2.4(WB). Associação entre concentrações de anticorpos, medida pelo valor densidade óptica/cut-off (DO/cut-off) dos EIAs e resultados do WB foram analisados utilizando testes estatísticos Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. Quatrocentas e sessenta e uma(19,9%) amostras resultaram positivas na triagem. Nenhum dos EIAs (1ª,2ª e 3ªgeração) foi capaz de detectar todas as amostras verdadeiramente positivas. De acordo com as concentrações de anticorpos, não foram observadas associações com idade e gênero. Foram encontradas algumas correlações entre os EIAs empregados, como alto valor de DO/cut-off nos EIAs de 3ª geração, independentemente do resultado do WB (positivo ou negativo). Por outro lado, nas amostras verdadeiramente HTLV-1-positivas, altos valores de DO/cut-off foram detectados quando empregados EIAs de 1ª e 2ªgeração, e menores valores DO/cut-off nas amostras HTLV-negativas. Os resultados obtidos mostram alta sensibilidade dos EIAs de 3ª geração, mas com muitos resultados falso-positivos. Os EIAs de 2ª geração
foram os mais específicos e eficientes. Apesar da literatura sugerir o uso de EIAs de 3ª geração para triagem sorológica em bancos de sangue e laboratórios de diagnóstico, o presente estudo contesta seu uso isolado na triagem de população de risco de São Paulo, assim como o uso de alto valor de DO/cut-off como marcador preditivo de infecção verdadeira pelo HTLV-1/2.

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