Resumo
As leveduras são os principais agentes de infecções fúngicas em pacientes hospitalizados. As infecções fúngicas de sistema nervoso, meningite fúngica, e de corrente sanguínea, denominadas candidemias, são os quadros mais graves, com altos índices de mortalidade e letalidade. Deste modo, é preciso conhecer os agentes fúngicos responsáveis por estas infecções e monitorar o respectivo perfil de resistência microbiana hospitalar no Brasil visando melhorar a vigilância dos serviços de saúde, assim como a qualidade e emissão de dados. O objetivo deste trabalho foi avaliar a porcentagem de acerto nos resultados de identificações de leveduras responsáveis por infecção em corrente sanguínea e no sistema nervoso central, em pacientes do Estado de São Paulo. Foram analisadas 568 cepas de hemoculturas e liquido céfalo raquidiano (LCR) provenientes de hospitais e laboratórios da capital e do interior do Estado no período de janeiro de 2008 a junho de 2009. As leveduras foram re-identificadas utilizando-se provas morfológicas e bioquímicas. As espécies encontradas foram: C. albicans, C. parapsilosis, C. tropicalis, C. glabrata, C. guilliermondii, Rhodotorula mucilaginosa, C. krusei, C. lusitaniae, C. kefyr, Saccharomyces cereviseae, Cryptococcus neoformans e C. gattii. Das 568 amostras recebidas, n=119 (21%) vieram sem identificação do laboratório de origem. As espécies mais freqüentes foram: C. albicans (II n=21 (14%), E n= 5 (4%) e IC n=120 (82%)), C. parapsilosis (II n=62 (47%), E n=7 (5%), IC n= 62 (47%)), C. tropicalis (II n=24 (41%), E n=4 (7%), IC n=31 (53%)), C. neoformans (II n=39 (49%), E n=7 (9%), IC n=34 (43%)), sendo que II, E IC significam “identificação incompleta”, “erro” e “identificação correta”, respectivamente. Houve concordância em 78% das cepas. Chama atenção o fato de que 9% das leveduras do gênero Cryptococcus foram identificadas erroneamente, sendo que em 6% dessas foram identificadas como Candidas spp. De modo geral os laboratórios estão empenhados em identificar leveduras até espécie, porém existe uma falha grave no diagnóstico de criptococose.

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