Resumo
Depois da epidemia de raiva em raposas que se propagou pelo nordeste da Europa na década de 60, a Comunidade Européia (CE) potencializou a vigilância e medidas de controle dessa doença. Nos últimos anos a maioria dos casos de raiva registrados em
carnívoros domésticos no território da CE é de animais provenientes de países terceiros, não considerados livres da doença. O objetivo deste estudo foi analisar os títulos de anticorpos neutralizantes (AcN) obtidos nas amostras de soro de cães e gatos domésticos que são transportados por seus proprietários para países da CE. No triênio 2006-2008 foram recebidas, de todo o país, 4.941 amostras de soro de animais de companhia com requisições de exames sorológicos que continham os dados destes animais a serem transportados. As informações foram registradas e as amostras processadas pelo teste rápido de inibição de focos fluorescentes (RFFIT) para avaliação de anticorpos neutralizantes para o vírus da raiva. Para este estudo foram atribuídas três faixas de títulos de AcN expressos em UI/mL (<0,50UI/mL, entre 0,50 e 50,0UI/mL e >50,0UI/mL). As amostras de cães representaram 79,4% (3.921) do total e, destas, 9,6% (377) obtiveram títulos <0,5UI/mL, e a maior representatividade, 70,6%, ocorreu na faixa entre 0,50 e 50,0UI/mL. Nas amostras de soro de gatos (1.020) foi observado que em 56,9% destas os títulos foram dez vezes superiores ao considerado protetor em animais domésticos (≥0,5UI/mL) e apenas 4,4% das amostras de soro obtiveram título <0,5UI/mL. Foram estabelecidos, também, relações com faixa etária, raça, regiões de origem e o título de AcN. Conclui-se, portanto, a necessidade de estudar mais detalhadamente a resposta imunológica de felinos que, baseado neste estudo, apresenta títulos de AcN mais altos do que de cães.

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