Resumo
A leishmaniose visceral é uma doença tropical negligenciada fatal se não tratada, nas América causada pelo protozoário Leishmania infantum. O tratamento é restrito a poucos fármacos que apresentam efeitos colaterais severos e resistência. É urgente a descoberta e desenvolvimento de novos medicamentos. Os compostos fosfonatos de nucleosídeos acíclicos (ANPs), análogos de nucleotídeos, são amplamente utilizados como antivirais, e previamente demonstramos sua potencial atividade antileishmania. O objetivo deste estudo foi investigar o mecanismo de ação celular de um composto ANP contra L. infantum. Após a triagem de 25 compostos ANPs em formas promastigota e amastigota de L. infantum, foi selecionado o composto mais ativo contra ambas as formas e investigadas as alterações celulares induzidas pelo tratamento. Em seguida, promastigotas de L. infantum foram tratadas por duas horas com o “composto 5”, e foram realizados ensaio de fluorescência com SYTOX Green para avaliar a integridade da membrana plasmática, ensaio cometa e eletroforese em gel de agarose para analisar a integridade do DNA. Através de fluorimetria e microscopia de fluorescência, foi observado que o “composto 5” não induz alteração significativa na membrana plasmática do parasito e nem dano na integridade do material genético. Nossos dados indicam que análises futuras visando outras organelas e/ou vias metabólicas sejam exploradas para elucidar o mecanismo de ação do composto. Além da utilização de compostos ANPs ser bem estabelecida em terapias virais, investigações in vitro sugerem sua potencial atividade antileishmania. Estes compostos podem ser otimizados a fim de serem mais eficientes e seletivos contribuindo na busca de novos tratamentos para leishmaniose.
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