Febre amarela silvestre: reemergência de transmissão no estado de São Paulo, Brasil, 2009

Autores

  • Melissa Mascheretti (in memorian) Centro de Vigilância Epidemiológica
  • Ciléa H Tengan Centro de Vigilância Epidemiológica
  • Helena Keiko Sato Centro de Vigilância Epidemiológica
  • Ana Freitas Ribeiro Centro de Vigilância Epidemiológica
  • Akemi Suzuki Instituto Adolfo Lutz
  • Renato Pereira de Souza Instituto Adolfo Lutz
  • Marina Maeda Instituto Adolfo Lutz
  • Roosecelis Brasil Instituto Adolfo Lutz
  • Mariza Pereira Superintendência de Controle de Endemias/SES
  • Rosa Maria Tubaki Superintendência de Controle de Endemias
  • Dalva M V Wanderley Superintendência de Controle de Endemias
  • Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”. Botucatu

Palavras-chave:

Febre Amarela, Epidemiologia, Surtos de Doenças, Zoonoses, Reservatórios de Doenças, Vetores de Doenças, Doenças Transmissíveis Emergentes

Resumo

OBJETIVO: Descrever a investigação do surto de febre amarela silvestre e as principais  medidas de controle realizadas no estado de São Paulo. MÉTODOS: Estudo descritivo  do surto de febre amarela silvestre na região sudoeste do estado, entre fevereiro e abril  de 2009. Foram avaliados casos suspeitos e confirmados em humanos e primatas não  humanos. A investigação entomológica, em ambiente silvestre, envolveu captura em solo  e copa de árvore para identificação das espécies e detecção de infecção natural. Foram  realizadas ações de controle de Aedes aegypti em áreas urbanas. A vacinação foi direcionada  para residentes dos municípios com confirmação de circulação viral e nos municípios  contíguos, conforme recomendação nacional. RESULTADOS: Foram confirmados 28  casos humanos (letalidade 39,3%) em áreas rurais de Sarutaiá, Piraju, Tejupá, Avaré e Buri.  Foram notificadas 56 mortes de primatas não humanos, 91,4% do gênero Alouatta sp. A  epizootia foi confirmada laboratorialmente em dois primatas não humanos, sendo um em  Buri e outro em Itapetininga. Foram coletados 1.782 mosquitos, entre eles Haemagogus  leucocelaenus, Hg. janthinomys/capricornii, Sabethes chloropterus, Sa. purpureus e Sa.  undosus. O vírus da febre amarela foi isolado de um lote de Hg. leucocelaenus procedente  de Buri. A vacinação foi realizada em 49 municípios, com 1.018.705 doses aplicadas e  o registro de nove eventos adversos graves pós-vacinação. CONCLUSÕES: Os casos  humanos ocorreram entre fevereiro e abril de 2009 em áreas sem registro de circulação  do vírus da febre amarela há mais de 60 anos. A região encontrava-se fora da área com  recomendação de vacinação, com alto percentual da população suscetível. A adoção  oportuna de medidas de controle permitiu a interrupção da transmissão humana em um  mês, assim como a confirmação da circulação viral em humanos, primatas não humanos  e mosquitos. Os isolamentos facilitaram a identificação das áreas de circulação viral, mas  são importantes novos estudos para esclarecer a dinâmica de transmissão da doença.     

 

 

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Referências

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Publicado

2015-05-29

Como Citar

1.
Mascheretti (in memorian) M, H Tengan C, Keiko Sato H, Freitas Ribeiro A, Suzuki A, Pereira de Souza R, Maeda M, Brasil R, Pereira M, Tubaki RM, M V Wanderley D, Magno Castelo Branco Fortaleza C. Febre amarela silvestre: reemergência de transmissão no estado de São Paulo, Brasil, 2009. Bepa [Internet]. 29º de maio de 2015 [citado 30º de abril de 2024];12(137):3-16. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/BEPA182/article/view/38184

Edição

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Artigos de Revisão sistemática/metanálise

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