Resumen
OBJETIVO: Descrever a investigação do surto de febre amarela silvestre e as principais medidas de controle realizadas no estado de São Paulo. MÉTODOS: Estudo descritivo do surto de febre amarela silvestre na região sudoeste do estado, entre fevereiro e abril de 2009. Foram avaliados casos suspeitos e confirmados em humanos e primatas não humanos. A investigação entomológica, em ambiente silvestre, envolveu captura em solo e copa de árvore para identificação das espécies e detecção de infecção natural. Foram realizadas ações de controle de Aedes aegypti em áreas urbanas. A vacinação foi direcionada para residentes dos municípios com confirmação de circulação viral e nos municípios contíguos, conforme recomendação nacional. RESULTADOS: Foram confirmados 28 casos humanos (letalidade 39,3%) em áreas rurais de Sarutaiá, Piraju, Tejupá, Avaré e Buri. Foram notificadas 56 mortes de primatas não humanos, 91,4% do gênero Alouatta sp. A epizootia foi confirmada laboratorialmente em dois primatas não humanos, sendo um em Buri e outro em Itapetininga. Foram coletados 1.782 mosquitos, entre eles Haemagogus leucocelaenus, Hg. janthinomys/capricornii, Sabethes chloropterus, Sa. purpureus e Sa. undosus. O vírus da febre amarela foi isolado de um lote de Hg. leucocelaenus procedente de Buri. A vacinação foi realizada em 49 municípios, com 1.018.705 doses aplicadas e o registro de nove eventos adversos graves pós-vacinação. CONCLUSÕES: Os casos humanos ocorreram entre fevereiro e abril de 2009 em áreas sem registro de circulação do vírus da febre amarela há mais de 60 anos. A região encontrava-se fora da área com recomendação de vacinação, com alto percentual da população suscetível. A adoção oportuna de medidas de controle permitiu a interrupção da transmissão humana em um mês, assim como a confirmação da circulação viral em humanos, primatas não humanos e mosquitos. Os isolamentos facilitaram a identificação das áreas de circulação viral, mas são importantes novos estudos para esclarecer a dinâmica de transmissão da doença.
Citas
Beaty B, Calisher CH, Shope RE. Arboviruses. In: Schmidt NJ, Emmons RW, editors. Diagnostic procedures for viral, rickettsial and chlamydial infections. 6. ed. Washington (DC): American Public Health Association; 1989. p. 797-855.
Bicca-Marques JC, Freitas DS. The role of monkeys, mosquitoes and human in the occurrence of a yellow fever outbreak in a fragmented landscape in south Brazil: protecting howler monkeys is a matter of public health. Trop Conserv Sci. 2010;3(1):78-89.
Bryant JE, Holmes EC, Barrett ADT. Out of Africa: A Molecular Perspective on the Introduction of Yellow Fever Virus into the Americas. PLoS Pathog. 2007;3(5):e75. DOI:10.1371/journal.ppat.0030075
Staples JE, Gershman M, Fischer M; Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Yellow fever vaccine. Recommendations of the advisory committee on immunization practices (ACIP). MMWR Recomm Rep.2010;59(RR-7):1-27.
Degállier N, Hervé JP, Rosa APAT, Vasconcelos P, Rosa JFST, Sá Filho G. A ecologia dos arbovírus na Amazônia: pesquisas atuais e perspectiva. Rev Fund SESP. 1986;31(2):127-30.
Deubel V, Huerre M, Cathomas G, Drouet MT, Wuscher N, LE Guenno B, et al. Molecular detection and characterization of yellow fever virus in blood and liver specimens of a non-vaccinated fatal human case. J Med Virol. 1997; 53(3):212-7. DOI:10.1002/ (SICI)1096-9071(199711)53:3<212::AIDJMV5> 3.0.CO;2-B
Forattini OP, Gomes AC, Galati EAB, Rabello EX, Iverson LB. Estudos ecológicos sobre mosquitos Culicidae no Sistema da Serra do Mar, Brasil. 1-Observações no ambiente extradomiciliar. Rev Saude Publica.1978;12(4):297-325. DOI:10.1590/ S0034-89101978000400008
Gubler DJ, Kuno G, Sather GE, Velez M, Oliver A. Mosquito cell culture and specific monoclonal antibodies in surveillance for dengue viruses. Am J Trop Med Hyg. 1984;33(1):158-65.
Hall W C, Crowell T P, Watts D M, Barros V L, Kruger H, Pinheiro F, et al. Demonstration of yellow fever and dengue antigens in formalin-fixed paraffin-embedded human liver by immunohistochemical analysis. Am J Trop Med Hyg. 1991;45(4):408-17.
Igarashi A. Isolation of Singh´s Aedes albopictus cell line clone sensitive to dengue and chikungunya virus. J Gen Virol. 1978;40(3):531-44. DOI:10.1099/0022-1317-40-3-531
Johnson BW, Chambers TV, Crabtree MB, Filippis AM, Vilarinhos PT, Resende MC, et al. Vectors competence of Brazilian Aedes aegypti and Aedes albopictus for Brazilian yellow fever virus isolated. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2002; 96(6):611-3. DOI:10.1016/S0035- 9203(02)90326-3
Kumm HW, Cerqueira NL. The role of Aedes leucocelaenus in the epidemiology of jungle yellow fever in Brazil. Bull Ent Res. 1951;42(1):195-200. DOI:10.1017/ S0007485300025281
Kuno G, Gomez I, Gubler DJ. Detecting artificial antidengue IgM complexes using a enzyme linked immunosorbent assay. Am J Trop Med Hyg. 1987; 36(1):153-9.
Lopes OS, Sacchetta LA, Francy DB, Jakob WL, Calisher CH. Emergence of a new arbovirus disease In Brazil. III. Isolation of Rocio virus from Psorophora ferox (Humboldt, 1819). Am J Epidemiol. 1981;113(2):122-5.
Mitchell CJ, Forattini OP. Experimental transmission of Rocio encephalitis virus by Aedes scapularis (Diptera, Culicidae) from the epidemic zone in Brazil. J Med Entomol. 1984;21(1):34-7.
Mitchell CJ, Forattini OP, Miller B. Vector competence experiments with Rocio virus and three mosquito species from the epidemic zone in Brazil. Rev Saude Publica. 1986;20(3):171-7. DOI:10.1590/S0034-89101986000300001
Moreno ES, Rocco IM, Bergo E S, Brasil RA, Siciliano MM, Suzuki A, et al. Yellow Fever Working Group. Reemergence of yellow fever: detection of transmission in the State of São Paulo, Brazil, 2008. Rev Soc Bras Med Trop. 2011;44(3):290-6. DOI:10.1590/S0037- 86822011005000041
World Health Organization. Update on progress controlling yellow Yellow fever in África, 2004-2008. Wkly Epidemiol Rec. 2008; 83(50):449-60.
Rocha WL. O Serviço Especial de Defesa contra a Febre Amarela. Arq Hig S Paulo. 1937;2(3):13-105.
Souza RP, Petrella S, Coimbra TLM, Maeda AY, Rocco IM, Bisordi I, et al. Isolation of yellow fever virus (YFV) from naturally infectied Haemagogus (Conopostegus) leucocelaenus (diptera, cukicudae) in São Paulo State, Brazil, 2009. Rev Inst Med Trop S Paulo. 2011;53(3):133-9.DOI:10.1590/S0036- 46652011000300004
Tauil PL. Aspectos críticos do controle da febre amarela no Brasil. Rev Saude Publica. 2010;44(3):555-8. DOI:10.1590/ S0034-89102010005000014
Vasconcelos PFC, Rodrigues SG, Dégallier N, Moraes MAP, Rosa JFST, Mondet B, et al. Ann epidemic of sylvatic yellow fever in the southeast region of Maranhão State, Brazil, 1993-1994: epidemiologic and entomological findings. Am J Trop Med Hyg. 1997;57(2):132-7.
Vasconcelos PFC, Sperb AF, Monteiro HAO, Torres MAN, Sousa MRS, Vasconcelos HB, et al. Isolations of yellow fever vírus from Haemagogus leucocelaenus in Rio Grande do Sul State, Brazil. Trans R Soc Trop Med Hyg. 2003; 97(1):60-2. DOI:10.1016/S0035- 9203(03)90023-X
Vasconcelos PFC. Febre Amarela no Brasil: reflexões e hipóteses sobre emergência em áreas previamente livres. Rev Saude Publica. 2010; 44(6):1144-9. DOI:10.1590/S0034- 89102010005000046 a. Organização Mundial de Saúde. Yellow Fever, key facts. Geneva; 2013 [citado 2013 set 16]. (Fact sheet,100). Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/ fs100/en/index.html b. Franco O. História da febre amarela no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde; 1976. c. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Informe técnico sobre febre amarela. São Paulo; 2006 [citado 2010 abr 23]. Disponível em:http://www.cve. saude.sp.gov.br/htm/zoo/FA_INFORME.htm d. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (BR). Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”. Casos de febre amarela silvestre em residentes do Estado de São Paulo, 2007-2008. Bol Epidemiol Paul . 2008;5(55):12-5. e. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed. Brasília (DF); 2009. f. Travassos da Rosa APA, Travassos da Rosa ES, Travassos da Rosa JFS, Degallier N, Vasconcelos PF, Rodrigues SG, et al. Os Arbovírus no Brasil: generalidades, métodos e técnicas de estudo. Belém: Instituto Evandro Chagas; 1994. (Documento técnico, 2). g. Superintendência de Controle de Endemias. Normas e recomendações técnicas para a vigilância e controle de Aedes aegypti no Estado de São Paulo - NORTE. São Paulo; 2005. h. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Febre Amarela Silvestre, Brasil, 2009. Boletim de atualização de dezembro de 2009. Emergências em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) de Febre Amarela Silvestre em São Paulo e no Rio Grande do Sul e a situação epidemiológica atual no Brasil (2008/2009). São Paulo; 2009 [citado 2011 out 11]. Disponível em:http:// portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/ boletim_febre_amarela_09_12_09.pdf
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Derechos de autor 2015 Melissa Mascheretti (in memorian), Ciléa H Tengan, Helena Keiko Sato, Ana Freitas Ribeiro, Akemi Suzuki, Renato Pereira de Souza, Marina Maeda, Roosecelis Brasil, Mariza Pereira, Rosa Maria Tubaki, Dalva M V Wanderley, Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza