Resumen
Atuns e afins da família Scombridae são particularmente susceptíveis à formação de histamina por conterem grandes quantidades de histidina livre no tecido muscular. Esses peixes estão frequentemente associados a surtos de intoxicação histamínica em diversos países. Considerando que a presença de histamina representa um risco à saúde humana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), pela Instrução normativa nº 46/2011, estabeleceu um nível de tolerância para histamina em conservas de atuns e bonitos (100 mg/kg). Neste trabalho relata-se um surto de intoxicação histamínica causado por atum (em conserva) ocorrido em abril de 2013, em uma escola do município de São Paulo, SP (Brasil) que acometeu diversas crianças após a ingestão da refeição do dia (almoço). Foram analisadas quanto ao teor de histamina as seguintes amostras: atum ralado com óleo comestível e caldo vegetal em conserva refogado com temperos (preparado na escola), uma embalagem original fechada de atum ralado com óleo comestível e caldo vegetal em conserva, do mesmo lote utilizado no refogado, e uma embalagem original de atum ralado com óleo comestível e caldo vegetal em conserva violada contendo fragmentos de atum. Não foi detectada histamina no produto com embalagem original fechada. Já no atum preparado e nos fragmentos de atum da embalagem, os teores foram de 1076,5 e 1534,7 mg/kg, respectivamente. Esses resultados são coerentes com os sintomas relatados na investigação do surto (manchas vermelhas ao redor da boca e face, edema ao redor dos olhos). Os dados sugerem que pode ter ocorrido uma contaminação cruzada e/ou estocagem em temperatura abusiva após o preparo, uma vez que a amostra do mesmo lote que estava intacta não continha histamina. Com este trabalho, pôde-se confirmar a intoxicação histamínica das pessoas acometidas devido ao consumo de altos teores de histamina presente no alimento preparado à base de atum em conserva.
Citas
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