Resumo
O queijo Minas Frescal, em função do alto teor de umidade, torna-se susceptível a contaminações por micro-organismos. Vários estudos têm mostrado a ocorrência variável de patógenos em queijo Minas Frescal, sendo comuns altas contagens de coliformes termotolerantes. Neste estudo, foram analisadas as condições higiênico-sanitárias, a presença de micro-organismos potencialmente patogênicos e as informações no rótulo em 30 amostras (22 industrializadas e oito caseiras) de queijos Minas Frescal, comercializadas na região de Ribeirão Preto-SP. A qualidade microbiológica foi avaliada por enumeração de coliformes termotolerantes e de estafilococos coagulase-positiva e pela pesquisa de Salmonella spp. e Listeria monocytogenes, seguindo-se a Resolução – RDC nº 12, de 2 de janeiro de 2001, da ANVISA. Foram também realizadas a enumeração de coliformes totais e a pesquisa de Shigella spp. A análise do rótulo foi efetuada seguindo-se as legislações da ANVISA/MS, do MAPA e do INMETRO. Do total de amostras, 63,4% apresentaram coliformes termotolerantes acima de 1,1 x 103 NMP/g, sendo 23,4% e 40,0% correspondentes, respectivamente, às amostras de queijos dos tipos caseiro e industrializado. Não foram isoladas Salmonella spp., Listeria monocytogenes e Shigella spp. Das 22 amostras industrializadas, 71% apresentaram rótulos em não conformidade. As amostras caseiras e as industrializadas mostraram baixa qualidade microbiológica.Referências
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