Abstract
Mundialmente o câncer do colo do útero (CCU) é o 4º mais incidente na população feminina e ocupa a 4ª posição no ranking de mortalidade, sendo considerado uma questão de saúde pública. O método preventivo adotado no Brasil é o exame de Papanicolaou, que tem como objetivo identificar mulheres com alterações celulares sugestivas de malignidade e direcioná-las para condutas adequadas, minimizando assim o desenvolvimento da neoplasia. Com a recente pandemia de COVID-19, a agenda nacional de prevenção foi atrasada na vigência das medidas sanitárias mais restritas, podendo gerar impactos negativos nos indicadores do CCU. Portanto, este estudo teve como objetivo avaliar o impacto da pandemia no rastreamento do CCU a partir de dados quantitativos dos exames realizados na rede pública. Foi feito um estudo ecológico a partir de dados secundários dos exames disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) no estado de São Paulo, entre 2016 e 2021. Os municípios foram agrupados em cinco clusters de acordo com o tamanho da população; a análise descritiva e comparativa foi feita através de médias e porcentagens. A pandemia impactou negativamente no rastreamento do CCU em todos os clusters, com quedas que variaram entre 40% e 47% em 2020. Em 2021 houve retomada parcial que variou entre 33% e 51% em comparação a 2020, e foi observado um padrão de recuperação mais lento nos municípios mais populosos. Esses dados preliminares dos dois primeiros anos da pandemia de COVID-19 sugerem que apesar da redução da incidência e mortalidade do CCU, a rede de saúde do estado de São Paulo demonstrou baixa resiliência em manter programas preventivos em períodos de crise e em restabelecê-los após a flexibilização das medidas mais restritivas.
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Copyright (c) 2024 Thainá Siqueira de Carvalho, João Carlos Geber Júnior, Sandra Lorente, Amaro Nunes Duarte-Neto, Carlos Dias Maciel