Avaliação de antígenos para aplicabilidade no sorodiagnóstico de Paracoccidioides brasiliensis sensu stricto (S1)

Resumen

A paracoccidioidomicose (PCM) é micose sistêmica e endêmica de grande impacto socioeconômico no Brasil, tendo como agente causal fungos do gênero Paracoccidioides. Apesar da existência de áreas hiperendêmicas, no estado de São Paulo, tornou-se de notificação compulsória apenas em abril de 2024. Considerando-se que os métodos micológicos diretos apresentam limitações e baixa sensibilidade, a pesquisa de anticorpos anti-Paracoccidioides spp, tem se firmado como importante ferramenta no diagnóstico presuntivo da doença. Neste trabalho avaliou-se a capacidade antigênica de quatro antígenos obtidos a partir dos isolados 113, SMA, 192 e RP 228. A identificação dos isolados foi realizada pelo sequenciamento da gp43 (Exon 2) e RFLP de tub 1. Para a obtenção de antígenos, os isolados foram cultivados em ágar Fava-Netto, a 36 ± 1 °C, durante 5, 10, 15 e 20 dias. Os antígenos foram avaliados por imunodifusão dupla (ID) frente a 20 amostras de soro de pacientes com PCM, 10 amostras de pacientes com histoplasmose, 10 amostras de pacientes com aspergilose e 10 amostras de doadores de banco de sangue. O melhor índice de sensibilidade, na ID, foi obtido para os antígenos 113 (10 dias de cultivo), 192 (10 dias) e RP 228 (20 dias) 100%, 100% e 90% respectivamente. Todos conferiram 100% de especificidade ao ensaio sorológico. Quanto ao antígeno SMA, apesar de ter conferido 100% de especificidade a ID, não apresentou boa capacidade antigênica visto que a sensibilidade foi de 70% (5 e 10 dias de cultivo), 30% (15 dias) e 20% (20 dias), sendo seu uso não recomendado para fins diagnóstico. Espera-se que um bom antígeno de P. brasiliensis sensu stricto permita o diagnóstico precoce e específico da PCM contribuindo para a instauração de terapia anti-fungica adequada, além de diminuir o desenvolvimento das graves sequelas bem como da morbimortalidade a elas associada.