Hanseníase em menores de 15 anos em área hiperendêmica da região norte do Brasil

Autores

  • Letícia Cerqueira de Santana Instituto Tocantinense Presidente Antonio Carlos
  • Felipe Batista Rezende Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
  • Alexandre Arlan Giovelli Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
  • Marina Soares Pedreira Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas
  • Francisco Rogerlândio Martins-Melo Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia do Ceará
  • Lorena Dias Monteiro Fundação Escola de Saúde Pública de Palmas

DOI:

https://doi.org/10.47878/hi.2018.v43.34600

Palavras-chave:

Hanseníase, Criança, Adolescente, Epidemiologia descritiva, Diagnóstico

Resumo

Palmas é a capital mais hiperendêmica para hanseníase no Brasil, com transmissão ativa e persistência de focos de transmissão. O objetivo do estudo foi descrever o perfil clínico e epidemiológico da hanseníase em menores de 15 anos avaliados pelo Protocolo Complementar de Investigação Diagnóstico para menores de 15 anos de idade (PCID < 15 anos) em Palmas, Tocantins. Realizou-se um estudo descritivo dos casos diagnosticados e avaliados pelo PCID < 15 anos entre 2016 e 2017. Foram avaliados 71 casos pelo protocolo. Desses, 83,10% tinham nervos acometidos, 92,96% multibacilares, 38,03% com grau 1 ou 2 de incapacidade. O escore OMP variou entre 1 e 6 em 22,54% dos casos. O tempo de aparecimento dos sinais e sintomas foi de 6 meses a 1 ano em 35,21% dos casos. 73,24% tinham pessoas com problema de pele na família; 87,32% tinham pessoas com hanseníase na família. Entre 1 e 26 lesões/manchas de pele foi constatada em 88,73% com perda de sensibilidade. A presença de 1 ou 2 cicatrizes de BCG foi registrada em 90,14% dos casos. A busca dos contatos de casos confirmados e a avaliação em tempo oportuno é crucial para o diagnóstico precoce da hanseníase em crianças e adolescentes, pois só assim será possível diminuir as fontes de infecção, interromper a cadeia de transmissão, prevenir incapacidades físicas, psicológicas e sociais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

World Health Organization. Global leprosy update, 2018: reducing the disease burden due to leprosy. Wkly Epidemiol Rec. 2018;93(35):445-56.

Alencar CH, Ramos AN Jr, Santos ES, Richter J, Heukelbach J. Clusters of leprosy transmission and of late diagnosis in a highly endemic area in Brazil: focus on different spatial analysis approaches. Trop Med Int Health, 2012;17(4):518-25. doi: 10.1111 / j.1365-3156.2011.02945.x.

Monteiro LD, Martins-Melo FR, Brito AL, Lima MS, Alencar CH, Heukelbach J. Tendências da hanseníase no Tocantins, um estado hiperendêmico do Norte do Brasil, 2001-2012. Cad. Saúde Pública, 2015;31(5):971-80.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Guia prático sobre a hanseníase [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde; 2018.

World Health Organization. Global leprosy strategy: accelerating towards a leprosy-free world. Switzerland: WHO; 2016.

Monteiro LD, Lopes LSO, Santos PR, Rodrigues ALM, Bastos WM, Barreto JA. Tendências da hanseníase após implementação de um projeto de intervenção em uma capital da Região Norte do Brasil, 2002-2016. Cad Saúde Pública. 2018;34(11):e00007818.

Monteiro LD, Alencar CH, Barbosa JC, Novaes CCBS, Silva RCP, Herkelbach J. Pós-alta de hanseníase: limitação de atividade e participação social em área hiperendêmica do Norte do Brasil. Rev Bras Epidemiol. 2014;17(1):91-104.

World Health Organization. Leprosy: world focused on ending transmission among children. Switzerland: WHO; 2018.

Lockwood DN, Shetty V, Penna GO. Hazards of setting targets to eliminate disease: lessons from the leprosy elimination campaign. BMJ. 2014;348:g1136.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Diretrizes para vigilância, atenção e eliminação da Hanseníase como problema de saúde pública: manual técnico-operacional [recurso eletrônico]. Brasília: Ministério da Saúde; 2016.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Guia prático sobre a hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde; 2017

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estados: Tocantins. 2019. [updated 2017; cited 8 jan. 2020]. Available from: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/to/panorama

PALMAS. Portaria Conjunta SEMUS/FESP nº 257 DE 23 de março de 2016. Institui o Projeto “Palmas Livre da Hanseníase”, no âmbito da ges- tão municipal do SUS. Disponível em: http://fesp.palmas.to.gov.br/moodle/mod/folder/view.php?id=39. Acesso em: 20 abr. 2019.

Imbiriba EN, Silva AL Neto, Souza WV, Pedrosa V, Cunha MG, Garnelo L. Social inequality, urban growth and leprosy in Manaus: a spatial approach. Rev Saúde Pública. 2009;43(4):656-65.

Moschioni C, Antunes CMF, Grossi MAF, Lambertucci JR. Risk factors for physical disability at diagnosis of 19,283 new cases of leprosy. Rev Socied Bras Med Trop. 2010;43(1):19-22.

Monteiro LD, Alencar CHM, Barbosa JC, Braga KP, Castro MDM, Heukelbach J. Incapacidades físicas em pessoas acometidas pela hanseníase no período pós-alta da poliquimioterapia em um município no norte do Brasil. Cad Saúde Pública. 2013;29(5):909-20.

Brito AL, Monteiro LD, Ramos NA Junior, Heukelbach J, Alencar CH. Tendencia temporal da hanseníase em uma capital do Nordeste do Brasil: epidemiologia e análise por pontos de inflexão, 2001 a 2012. Rev Bras Epidemiol. 2016;19(1):194-204. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1980-5497201600010017.

Monteiro LD, Mota RMS, Martins-Melo FR, Alencar CH, Heukelbach J. Determinantes sociais da hanseníase em um estado hiperendêmico da região Norte do Brasil. Rev Saude Publica. 2017;51:70. doi:https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2017051006655

Pires CAA, Malcher CMSR, Abreu JMC Junior, Albuquerque TG, Correa IRS, Daxbacher ELR. Hanseníase em menores de 15 anos: a importância do exame de contato. Rev Paul Pediatria. 2012;30(2):292-5.

Opromolla DVA. Noções de hansenologia. Bauru: Centro de Estudos Dr. Reynaldo Quagliato; 2000.

Talhari S, Neves RG, Penna GO, Oliveira MLW. Dermatologia tropical: Hanseníase. 4a ed. Manaus: Fundação Medicina Tropical; 2006.

Sachdeva S, Amin SS, Khan Z, Sharma PK, Bansal S. Childhood leprosy: lest we forget. J Trop Doctor. 2011; 41:163-5.

Jain S, Reddy RG, Osmani SN, Lockwood DN, Suneetha S. Childhood leprosy in an urban clinic, Hyderabad, India: clinical presentation and the role of household contacts. Lepr Rev. 2002;73:248-53.

Barreto JG, Bisanzio D, Guimarães LS, Spencer JS, Vazquez-Prokopec GM, Kitron U et al. Spatial analysis spotlighting early childhood leprosy transmission in a hyperendemic municipality of the Brazilian Amazon Region. PLoS Negl Trop. Dis. 2014;8(2):e 2665. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0002665.

Singal A, Sonthalia S, Pandhi D. Childhood leprosy in a tertiary-care hospital in Delhi, India: a reappraisal in the post-elimination era. Lepr Rev. 2011;82:259-69.

Ganapati R, Naik SS, Pandya SS. Childhood leprosy - study of prevalence rates and clinical aspects through surveys in Bombay. Lepr India. 1976;48(4Supl):645-60

Romero-Montoya IM, Beltrán-Alzate J, Ortiz-Marín D, Cardona-Castro N. Leprosy in Colombian children and adolescents. Ped Infec Dis Journal. 2014. 33(3):321-2. [cited 18 dez. 2018]. Available from: https://insights.ovid.com/crossref?an=00006454-201403000-00028.

Moet, FJ, Pahan D, Oskam L, Richardus JH, COLEP Study Group. Effectiveness of single dose rifampicin in preventing leprosy in close contacts of patients with newly diagnosed leprosy: cluster randomized controlled trial. BMJ. 2008;336(7647):761-4. doi: 10.1136/bmj.39500.885752.BE. Epub 2008 Mar 10.

Ezenduka C, Post E, John S, Suraj A, Namadi A, Onwujekwe O. Cost-effectiveness analy-sis of three leprosy case detection methods in Northern Nigeria. PLoS Negl Trop Dis. 2012;6(9):e1818. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0001818.

Fine PE, Sterne JA, Pönnighaus JM, Bliss L, Saui J, Chihana A. Household and dwell-ing contact as risk factors for leprosy in north-ern Malawi. Am J Epidemiol. 1997;146(1):91-102. doi: https://doi.org/10.1093/oxfordjournals.aje.a009195

Swain JP, Mishra S, Jena S. Prevalence of lep-rosy among household contacts of leprosy cases in western Orissa. Indian J Lepr. 2004;76(1):19-29.

Doull JA, Rodriguez JN, Gunito R, Plantilla FC. A field study of leprosy in Cebu. Int J Lepr. 1936;4(2):141–70

Sansarricq H. (Coord). La Lepre. Paris: Ellipdrd; 1995.

Santos, SD, Penna GO, Costa MCN, Natividade MS, Teixeira MG. Leprosy in children and adolescents under 15 years old in an urban centre in Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz. 2016;111(6)-359-64. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0074-02760160002.

Merle CSC, Cunha SS, Rodrigues LC. BCG vaccination and leprosy protection: review of current evidence and status of BCG in leprosy control. Expert Rev Vaccines. 2010;9(2):209-22.

Bechelli LM, Rotberg A. Compêndio de leprologia. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/SNL; 1956

Scollard DM, Adams LB, Gillis TP, Krahenbuhl JL, Truman RW, WilIiams DL. The continuing challenges of leprosy. Clin. Microbio. Rev. 2006;19(2):338-81. doi: http://dx.doi.org/10.1128/CMR.19.2.338-381.2006

Convit J, Borges R, Ulrich M, Aranzazu N, Pinardi ME, Parra JJ. Leprosy vaccines. Hansenol Int. 2003;28(1):13-8

Cunha SS, Alexander N, Barreto ML, Pereira ES, Dourado I. BCG revaccination does not protect against leprosy in the Brazilian Amazon: a cluster randomised trial. PLOS Neglected Tropical Diseases. 2008;2(2):e167. doi: https://doi.org/10.1371/journal.pntd.0000167

Rabello FE. Clinical aspects: The polar concept. In: Latapi F, Saúl A, Rodríguez O, Browne SG. Leprosy. Proceedings of the XI International Leprosy Congress. Amsterdam: Excerpta Médica; 1978. p. 63-7.

Downloads

Publicado

31-01-2020

Como Citar

1.
Santana LC de, Rezende FB, Giovelli AA, Pedreira MS, Martins-Melo FR, Monteiro LD. Hanseníase em menores de 15 anos em área hiperendêmica da região norte do Brasil. Hansen. Int. [Internet]. 31º de janeiro de 2020 [citado 26º de abril de 2024];43:1-14. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/34600

Edição

Seção

Artigos de investigação científica

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)