Efeitos adversos da poliquimioterapia para hanseníase: utilização de doses alternativas e avaliação pós alta

Autores

  • Rosina Maria Martins Kubota Professora Auxiliar de Ensino da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, SP - FAMERP.
  • Viviane Cristina L Brancini Enfermeira.
  • Aline S Gouveia Enfermeira.
  • Susilene Maria Tonelli Nardi Pesquisadora Científica do Instituto Adolfo Lutz de São José do Rio Preto-SP.
  • Vania Del’Arco Paschoal Professora Adjunto de Ensino da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto-SP - FAMERP.
  • Silvia Helena Figueiredo Vendramini Professora Adjunto de Ensino da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, SP - FAMERP.

DOI:

https://doi.org/10.47878/hi.2014.v39.35024

Palavras-chave:

Hanseníase, Medicamentos Complementares, Toxicidade de Drogas, Pessoas com Deficiência

Resumo

O tratamento da hanseníase pode causar efeitos adversos relacionados à Rifampicina (RMP) ou Dapsona (DDS) levando à mudança no esquema terapêutico. Objetivou-se determinar as causas da mudança do tratamento e avaliar as condições clínicas dermatológicas dos pacientes que fizeram uso da terapêutica alternativa. De 182 pacientes tratados entre 1997-2008, 34 (18,7%) fizeram doses alternativas e 21 foram entrevistados. O perfil foi constituído por casados, de 40 à 59 anos, baixa condição socioeconômica e escolaridade. Os pacientes paucibacilares (PB) e multibacilares (MB) sem o uso de DDS e de RMP tiveram as últimas baciloscopias (BAAR) negativas (>50%), e os resultados positivos dos outros mostrou involução lenta. A forma clínica mais incidente foi a virchowiana nos intolerantes à DDS, e a dimorfa nos sem a RMP. Os efeitos adversos acometeram mais os MB. Nos intolerantes à DDS, a mudança do esquema terapêutico foi relacionada às causas hematológicas (48,5%) e os à RMP, as hepáticas (50%). Na avaliação as placas e nódulos desapareceram. As manchas, dor geral ou localizada em membros, diminuição da sensibilidade e da força muscular com aparecimento de garra móvel foram significativas. A evolução das incapacidades revelou a necessidade de monitorar atentamente a função neural nos casos de alta.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1 Goulart IMB, Arbex GL, Carneiro MH, Rodrigues MS, Gadia R. Efeitos adversos da poliquimioterapia em pacientes com hanseníase: um levantamento de cinco anos em um Centro de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia. Rev Soc Bras Med Trop.2002;35(5):453-60.
2 Alves CJM, Barreto JA, Fogagnolo L, Contin LA, Nassif PW. Avaliação do grau de incapacidades dos pacientes com diagnóstico de hanseníase em serviço de dermatologia do estado de São Paulo. RevSocBrasMed Trop.2010;43(4):460-1.
3 Eidt LM. Breve história da hanseníase: sua expansão do mundo para as Américas, o Brasil e o Rio Grande do Sul e sua trajetória na saúde pública brasileira. Saúde Soc. 2004;13(2):76-88.
4 Ridley DS, Jopling WH. Classification of leprosy according to immunity. A five-group system. Int J Lepr Other Mycobact Dis 1966;34(3):255-73.
5 Avelleira JC, Azulay-Abulafia L, Azulay DR, Azulay RD. Micobacterioses. In: Azulay RD, Azulay DR; Azulay-Abulafia L. Dermatologia. 5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. p. 322-48.
6 AraujoMG. Hanseníase no Brasil. Rev Soc Bras Med Trop.2003;36(3):373-82.
7 BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 3125, de 7 de outubro de 2010. Aprova as Diretrizes para vigilância, atenção e controle da Hanseníase. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília DF, 7 out. 2010, p. 73-78. 8 Neves RG. Hanseníase. In: Cucé LC, Festa C Neto. Manual de dermatologia. 2a ed. São Paulo: Atheneu; 2001. p.132-58.
9 Baptista IMFD, Sartori BCS, Trino LM. Guia de conduta para a realização do exame baciloscópico. Hansen Int. 2006;31(2):39-41.
10 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica [Internet]. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2010 [citado em 2011 Jan 10]. Guia de procedimentos técnicos baciloscopia em hanseníase; [aproximadamente 54 telas]. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/guia_hanseniase_10_0039_m_final.pdf
11 Cunha AZS. Hanseníase: aspectos da evolução do diagnóstico, tratamento e controle. CiêncSaúde Colet. 2002;7(2):235-42.
12 Virmond MCL. Ações de controle na hanseníase. In: Opromolla DVA, BaccarelliR, organizadores. Prevenção de incapacidades e reabilitação em hanseníase. Bauru: ILSL; 2003. p. 5-7.
13 Araujo MG. Evolução e estado atual da quimioterapia da hanseníase. AnBrasDermatol. 2005;80(2):199-202.
14 Opromolla DVA. Terapêutica da hanseníase. Medicina (Ribeirão Preto).1997 Jul – Set;(30):345-50.
15 Opromola DVA, Fleury RN. Síndrome da sulfona e reação reversa. Hansen Int. 1994;19(2):70-6.
16 Mane I, Cartel JL, Grosset JH. Field trial on efficacy of supervised monthly dose of 600 mg rifampicin 400 mg ofloxacin and 100 mg minocycline for the treatment of leprosy; first results. Int J LeprOtherMycobac- Int J LeprOtherMycobactDis.1997;65(2):224-9.
17 Virmond MCL. Papel das instituições de pesquisa e ensino em hanseníase no controle e prevenção de incapacidades e reabilitação.Hansen Int. 1999;24(1):32-7
18 Nardi SMT, Cruz LP, Marciano LHSC, Pedro HSP, Paschoal VDA. Avaliação das deficiências fisicas em indivíduos com hanseníase com base no grau de incapacidade fisica da OMS e Eyes-Hand-Feet. Hans Int.2011;36(Supl1):224.
19 Grosset JH, Guelpa-Lauras CC, Perani EG, Beoletto C. Activity of ofloxacin against Mycobacterium leprae in the
mouse. Int J Lepr Other Mycobact Dis. 1988;56(2):259-64.
20 Saito H, Tomioka H, Nagashima K. In vitro and in vivoactivities of floxacin against Mycobacterium lepraein the mouse. Int J Lepr Other Mycobact Dis. 1986;54(4):560-2.
21 Bakker MI, Hatta M, Kwenang A, Klatser PR, Oskam L. Epidemiology of leprosyon five isolated islands in the Flores Sea, Indonesia. TropMedInt Health.2002;7(9):780-7. 22 Lima HMN, Suaia N, Lima VRL, Coelho GT Neto, Figueiredo MS. Perfil epidemiológico dos pacientes com hanseníase atendidos em Centro de Saúde em São Luís, MA. Rev Bras Clin Med. 2010;8(4):323-7.
23 Noorden SK.The epidemiology of leprosy. In: Hastings RC. Leprosy. New York: Churchil Livingstone; 1985. p. 15-30.
24 Ferreira SMB, Ignotti E, Gamba MA. Fatores associados àrecidiva em hanseníase em Mato Grosso. Rev Saúde Pública.2011;45(4):756-64.
25 Lana FCF, Davi RFL, Lanza FM, Amaral EP. Detecção da hanseníase e índice de desenvolvimento humano dos municípios de Minas Gerais, Brasil. RevEletr Enf.2009;11(3):539-44.
26 Barreto JA, Belone AFF, Rosa PS, Nogueira MES, Baptista IMFD, Diório SM, et al. Más condições econômico-sociais e alta taxa de ataque da hanseníase em familiares de virchowianos, mesmo em área de pós-eliminação. Hansen Int.2011;36(Supl1):151.
27 Nardi SMT, Paschoal VDA, Zanetta DMT. Frequência de avaliações e seu impacto na prevenção das incapacidades físicas durante o tratamento dos pacientes com hanseníase. Hansen Int.2005;30(2):157-66.
28 Oliveira MLW, Cavaliére FAM, Maceira JMP, Bührer-Sékula S. O uso da sorologia como ferramenta adicional no apoio ao diagnóstico de casos difíceis de hanseníase multibacilar: lições de uma unidade de referência. Rev Soc Bras Med Trop. 2008;41(Supl 2):27-33
29 Antunes SLG, Albuquerque EA, Vital RT, Gomes ACF, Nery JAC, Hacker MA, et al. Neuropatia pós tratamento poli- Neuropatia pós tratamento poliquimioterápico da hanseníase: correlação entre índice baciloscópico e presença de bacilo no nervo como instrumento de diferenciação entre recidiva e neurite reacional. Hansen Int.2011;36(Supl1):ii.
30 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o controle da Hanseníase. Cadernos da Atenção Básica nº 10. Brasília (DF); 2002.
31 Lastória JC, Putinatti MSMA, Diório SM, Trino LM, Padovani CR. Índices baciloscópicos e morfológico na hanseníase após doze doses do esquema poliquimioterápico (PQT/OMS). Hansen Int.2006;31(1):15-21.
32 Gallo MEN, Nery JAC, Garcia CC. Intercorrências pelas drogas utilizadas nos esquemas poliquimioterápicos em hanseníase. Hansen Int.1995;20(2):46-50.
33 Opromolla DVA. As reações adversas à rifampicina com especial referência à insuficiência renal aguda. Hansen Int. 1992;17(1/2):1-4.
34 Gomes CCD, Pontes MAA, Gonçalves HS, Penna GO. Perfil clínico epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase em um centro de referência na região nordeste do Brasil. An Bras Dermatol.2005;80(3):S283-8.
35 Martelli CMT, Stefani MMA, Penna GO, Andrade ALSS. Endemias e epidemias brasileiras, desafios e perspectivas
de investigação científica: hanseníase. RevBrasEpidemiol.2002;5(3):273-85.
36 Santos APT, Almeida GG, Martinez CJ, Rezende C. Imunopatologia da hanseníase: aspectos clínicos e laboratoriais. News Lab.2005;73:142-56.
37 Diniz LM, Catabriga MDS, Souza JB Filho. Avaliação de hansenianos tratados com esquema alternativo dose única ROM (rifampicina, ofloxacina e minociclina), após sete a nove anos. RevSocBrasMed Trop.2010;43(6):695-9.
38 Silva RA Sobrinho, Mathias TAF, Gomes EA, Lincoln PB. Avaliação do grau de incapacidades na hanseníase: uma estratégia para a sensibilização e capacitação da equipe de enfermagem. Rev Latino AmEnferm. 2007;15(6):1125-30.
39 Ramos JMH, Souto FJD.Incapacidade pós tratamento em pacientes hansenianos em Várzea Grande, estado de Mato Grosso. RevSocBrasMed Trop.2010;43(3):293-7.
40 Orsini M, Freitas MRG, Antonioli RS, Mello MP, Reis JPB, Reis CHM, et al. Estudos clínicos, imunopatológicos e eletrofisiológicos dos nervos periféricos na hanseníase. RevNeurocienc. 2008;16(3):220-30.
41 Gonçalves SD, Sampaio RF, Antunes CMF. Fatores preditivos de incapacidades em pacientes com hanseníase. Rev Saúde Pública. 2009;43(2):267-74.
42 Croft RP, Nicholls PG, Steyerberg EW, Richardus JH, Cairns Smith S. A clinical prediction rule for nervefunction impairment in leprosy patients. Lancet 2000;355(9215):1603-6.
43 Foss NT, Souza CS, Goulart IMB, Gonçalves HS, Virmond MCL. Projeto Diretrizes. Hanseníase: episódios reacio- Projeto Diretrizes. Hanseníase: episódios reacionais. São Paulo: Associação Médico Brasileira e Conselho Federal de Medicina; 2003.
44 Griffin JW, George EB, Chaudhry V. Wallerian degeneration in peripheral nerve disease. BaillieresClin Neurol. 1996;5(1):63-75.
45 Nery JA, Vieira LMM, Matos HJ, Gallo MEN, Sarno EN. Reactional states in multibacillary. Hansen disease patients during multidrug therapy. RevInstMedTropSão Paulo. 1998;40(6):363-70.
46 Ministério da Saúde (BR). Área Técnica de Dermatologia Sanitária, Secretaria de Vigilância em Saúde. Prevalência
e detecção da hanseníase, segundo Unidade Federada - Brasil, 2003. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2004.
47 Mendonça VA, Costa RD, Melo GEBA, Antunes CM, Teixeira AL. Imunologia da hanseníase. AnBrasDermatol.2008;83(4):343-50.
48 Duarte MTC, Ayres JA, Simonetti JP. Consulta de enfermagem: estratégia de cuidado ao portador de hanseníase em atenção primária. Texto&ContextoEnferm. 2009;18(1):100-7.
49 Schlesselman JJ. Case: control studies: design, conduct and analysis. Oxford: Oxford University Press; 1982.

Downloads

Publicado

30-06-2014

Como Citar

1.
Kubota RMM, Brancini VCL, Gouveia AS, Nardi SMT, Paschoal VD, Vendramini SHF. Efeitos adversos da poliquimioterapia para hanseníase: utilização de doses alternativas e avaliação pós alta. Hansen. Int. [Internet]. 30º de junho de 2014 [citado 19º de abril de 2024];39(1):8-21. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/35024

Edição

Seção

Artigos originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>