Análise espacial da endemia hansênica na área urbana do município de Fernandópolis/SP1

Autores

  • Denise Aparecida Mencaron Doutora em Enfermagem em Saúde Pública. Coordenadora do Curso de Enfermagem do Centro Universitário da Fundação Educacional de Votuporanga/SP.
  • José Martins Pinto Neto Doutorando do Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. Docente do Curso de Enfermagem das Faculdades Integradas da Fundação Educacional de Fernandópolis.
  • Tereza Cristina Scatena Villa Livre-Docente. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem.
  • Maria Helena Pessini de Oliveira Livre-Docente e Orientadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem em Saúde Pública e Materno-infantil da EERP/USP. Coordenadora do Curso de Enfermagem da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).

DOI:

https://doi.org/10.47878/hi.2004.v29.35243

Palavras-chave:

hanseníase, condições de vida, análise espacial

Resumo

A hanseníase continua apresentando coeficientes de prevalência superiores a 1 caso/10.000 habitantes em 12 países no mundo. No Brasil, apesar de todo o esforço internacional e nacional, a meta de eliminação da doença proposta pela Organização Mundial da Saúde – redução da prevalência para menos de umcaso para cada dez mil habitantes –, foi postergada para 2005. Para analisar a endemia hansênica no município de Fernandópolis/SP partiu-se do pressuposto de que a ocupação espacial da população é um processo socialmente construído, e que o espaço social é determinante no processo saúde-doença, sendo as condições de vida da população a expressão mais significativa desse processo. O presente estudo identificou e
agrupou áreas homogêneas de risco dentro do município de Fernandópolis. Através das variáveis do Censo Demográfico de 2000, relativas a renda, a escolaridade, a estrutura urbana e as condições de habitação, criou-se um Índice de Carência Social, classificando os setores censitários urbanos e verificando a associação dessa carência com os coeficientes de detecção da doença. O método proposto contribuiu para detectar as desigualdades sócio-econômicas e identificar a coerência com os padrões da distribuição da ocorrência da hanseníase, constatando áreas de risco. Evidenciaram-se áreas prioritárias para o desenvolvimento de ações de saúde, que possibilitará instrumentalizar o planejamento em nível local e permitir a racionalização de recursos financeiros.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1 WHO. Global Situation of leprosy control at beginning of the 21st century. Lepr Rev 2002; 73:515-516.
2 Neira MP, Daumerie D. Remaining challenges towards elimination of leprosy. Lep Rev 2000; 71(n. Especial):247-252.
3 Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 1838 de outubro de 2002. Dispõe sobre as diretrizes e estratégias para o cumprimento da meta de eliminação da hanseníase como problema de saúde pública no Brasil até 2005. Diário Oficial da União. Brasília, 11 out 2002.
Disponível em: http://www.gov.br/sps/areastecnicas/atds/portaria 1838-9-10-02-pub11-10-02.doc. Acesso em: 20 out. 2002
4 Brasil. Ministério da Saúde. Detecção e prevalência da hanseníase no Brasil, macrorregiões, 1985-2001. Disponível em:
http://www.dtr 2001.saude.gov.br/sps/areastecnicas/atds>. Acesso em: 14 jul. 2003.
5 Lacerda JT, Calvo MCM, Freitas SFT. Diferenciais intra-urbanos no Município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil: potencial de uso para o planejamento em saúde. Cad Saúde Pública 2002; 5(18):1331-1338.
6 Castellanos PL. Sobre el concepto de salud-enfermedad. Descripcióny explicación de la situación de salud. Boletín Epidemiológico/OPAS 1990; 10(4):1-7.
7 Lapa T, Ximenes R, Silva NN, Albuquerque MFM, Campozana G. Vigilância da hanseníase em Olinda, Brasil, utilizando técnicas de
análise espacial. Cad Saúde Pública 2000; 117(5):1153-1162.
8 Ximenes RAA et al. Vigilância de doenças endêmicas em áreas urbanas: a interface entre mapas de setores censitários e indicadores de morbidade. Cad Saúde Pública 1999; 15(1):53-61.
9 Rose G. Sick individuals and sick populations. Int J Epidemiol 1985; 14 (1):32-38.
10 Carvalho MS, Cruz OG, Nobre FF. Perfil de risco: método multivariado de classificação sócio-econômica de micro-áreas urbanas – os setores censitários da região metropolitana do Rio de Janeiro. Cad Saúde Pública 1997; 4(13):635-645.
11 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE. Censo demográfico: famílias e domicílios. Rio de Janeiro 2000.
12 Solla J. Introdução. In: Rassi Neto E, Bógus CM. organizadores. Saúde nos aglomerados urbanos: uma visão integrada. Brasília: Organização Panamericana da Saúde; 2003.
13 Medronho RA. Geoprocessamento e saúde: uma nova abordagem do espaço no processo saúde doença. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 1995.
14 OPS. Organización Panamericana de la Salud. Uso de los sistemas de información geográfica en epidemiologia (SIG-EPI). Bol Epidemiol 1996; 17(1).
15 Ferrari R. Viagem ao SIG. Curitiba: Sagres; 1997.
16 WHO. World Health Organization. Sistemas de informações geográficos (GIS). Disponível em: http://www.who.int/lep. Acesso
em: 14 ago. 2003.
17 Sabroza PC, Santos EM, Andrade V, Hartz Z. Linhas de pesquisas operacionais na área de hanseníase no âmbito da vigilância em saúde – uma proposta. Hans int 2000; 25 (2):143-146.
18 Poole C. Ecologic analysis as outlook and method. Editorial. American Journal of Public Health 1994; 84(5):715-716.
19 Almeida Filho N, Rouquayrol MZ. Desenhos de pesquisa em epidemiologia. In: _______. Introdução à epidemiologia. 3ed. Rio de
Janeiro: Medsi; 2002. p. 169-214.
20 Costa AIP, Natal D. Distribuição espacial da dengue e determinantes sócioeconômicos em localidade urbana no sudeste do Brasil. Rev Saúde Pública 1998; 32(3):232-236.
21 Freitas ED, Paim JS, Silva LMV, Costa MCN. Evolução e distribuição espacial da mortalidade por causas externas em Salvador, Bahia, Brasil. Cad Saúde Pública 2000; 16(4):1059-1070.
22 Braga C et al. Avaliação de indicador sócio-ambiental utilizado no rastreamento de áreas de transmissão de filariose linfática em espaços urbanos. Cad Saúde Pública 2001; 17 (5):1211-1218.
23 Camargo-Neves VLF et al. Utilização de ferramentas de análise espacial na vigilância epidemiológica de leishmaniose visceral
americana – Araçatuba, São Paulo, Brasil, 1998-1999. Cad Saúde Pública 2001; 17(5):1263-1267
24 Kawa H, Sabroza PC. Espacialização da leishmaniose tegumentar na cidade do Rio de Janeiro. Cad Saúde Pública 2002; 18(3):853-865.
25 Werneck GL, Maguire JH. Spatial modeling using mixed models: an ecologic study of visceral leishmaniasis in Teresina, Piauí State, Brazil. Cad Saúde Pública 2002; 18(3):633-637.
26 Borrel C. Métodos utilizados no estudo das desigualdades sociais em saúde. In: Barata RB organizador. Condições de vida e situação de saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO; 1997. p.167-195.
27 Lapa TM. Análise espacial da distribuição da hanseníase no município de Olinda: uma contribuição ao sistema local de vigilância
epidemiológica. [Dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública; 1999.
28 Najar AL. Desigualdades de bem-estar social no Município do Rio de Janeiro: um exemplo de aplicação da ferramenta SIG. In: Najar AL, Marques EC, organizadores. Saúde e espaço: estudos metodológicos e técnicas de análise. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 1998. p.167-197.20
Hansenologia Internationalis
29 Akerman M. Metodologia de construção de indicadores compostos: um exercício de negociação intersetorial. In: Barata RB organizador. Condições de vida e situação de saúde. Rio de Janeiro: ABRASCO; 1997. p.95-113.
30 Akerman M, Stephens C, Campanario P, Maia PB. Saúde e meio ambiente: uma análise de diferenciais intra-urbanos enfocando o Município de São Paulo, Brasil. Rev Saúde Pública 1994; 4 (28):320-325.
31 Albuquerque MFM, Morais HMM. Descentralización del control de las endemias: modelo de intervención para combatir la filariosis de Bancrofti. Boletín de la Oficina Sanitaria Panamericana 1997;(121): 75-85.
32 UNICEF/IBGE. Municípios brasileiros: crianças e suas condições de sobrevivência. Censo demográfico 1991. Brasília; 1994.
33 Alburquerque MFM. Urbanização, favela e endemias: a produção da filariose no Recife, Brasil. Cad Saúde Pública 1993; 9:487-497.
34 Jannuzzi PM. Indicadores sociais no Brasil: conceitos, fontes, dados e aplicações. Campinas: Alínea; 2001.
35 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o controle da
hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. 90p. (Série Cadernos de Atenção Básica, nº 10).
36 ILEP. A interpretação dos indicadores epidemiológicos da lepra. Disponível em: http://www.ilep.org.uk/documents/indicpt.pdf.
Acesso em: 15 jul. 2003.
37 Martelli CMT, Morais Neto O, Andrade ALSS, Silva SA, Silva IM, Zicker F. Spatial patterns of leprosy in an urban area in Central Brazil. Bull Worl Health Org 1995; 73(2):315-319.

Downloads

Publicado

30-06-2004

Como Citar

1.
Mencaron DA, Neto JMP, Villa TCS, Oliveira MHP de. Análise espacial da endemia hansênica na área urbana do município de Fernandópolis/SP1. Hansen. Int. [Internet]. 30º de junho de 2004 [citado 23º de abril de 2024];29(1):12-20. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/35243

Edição

Seção

Artigos de investigação científica

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)