Estudo da adesão ao tratamento da hanseníase no município de Duque de Caxias - Rio de Janeiro. "Abandonos ou abandonados"

Autores

  • Eliane Ignotti Doutoranda em Saúde e Ambiente (Instituto de Saúde ColetivaISC/Universidade Federal de Mato Grosso/UFMT), Professora Auxiliar - Universidade Estadual de Mato Grosso/UNEMAT
  • Vera L.G. Andrade Andrade Assessora do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) e Epidemiologista da Coordenação Geral de Controle e Avaliação - Secretarie de Estado de Saúde do Rio de Janeiro
  • Paulo C. Sabroza Pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ)
  • Adauto J. G. Araújo Pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FIOCRUZ)

DOI:

https://doi.org/10.47878/hi.2001.v26.35330

Palavras-chave:

Hanseníase, Abandono, Adesão, Análise espacial, Rio de Janeiro

Resumo

Este estudo teve por objetivo analisar os fatores determinantes do abandono do tratamento da hanseníase no município de Duque de Caxias, região metropolitana do Rio de Janeiro, área hiperendêmica com um dos maiores índices de abandono do tratamento no Estado nos últimos anos. Dos 855 casos notificados entre 1995 e 1997, construíram-se coortes administrativas com 483 pacientes, 160 casos multibacilares e 323 paucibacilares. Destes, 73 casos estavam classificados pelo nível local como em abandono de tratamento. Verificou-se que os casos multibacilares têm o dobro de chance de abandonar o tratamento em relação aos casos paucibacilares (RPC= 2,07 (1,21 - 3,55)). Este aspecto tem especial relevância quando consideramos que tais casos apresentaram até cinco vezes mais incapacidades físicas que os casos paucibacilares. Na análise espacial observou-se que tanto a detecção quanto oabandono distribuem-se por toda área do município. Os resultados mostram que as taxas de  abandono estão superestimadas, quando avaliadas segundo o atual esquema terapêutico proposto para casos multibacilares. Além disso, ao se considerar o índice de adesão, tais casos não têm significado epidemiológico na manutenção da transmissão da hanseníase visto que apenas 3,5% dos pacientes receberam doses insuficientes. Para um maior sucesso no controle desta endemia recomenda-se que as estratégias adotadas sejam voltadas para a detecção precoce de casos, o que terá influência na redução do abandono do tratamento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1. ANDRADE, V.L.G.; SABROZA, P.C.; ALBUQUERQUE, M.F.M.; MOITA, P. Monitoring the elimination of leprosy in Brazil. Inter. J.
Leprosy, v.66, n.4, p.457-463, 1998.
2. ANDRADE, V.L.G. A urbanização do tTatamento da hanseníase. Hansen. Int., v.20, n.2, p.51-59, 1995.
3. ANDRADE, V.L.G.; SABROZA, P.C.; ARAÚJO, A.J.G. FatoTes associados ao domicílio e a família na determinação da hanseníase,
Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v.10, n.2, p.281-292, 1994.
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais. Divisão Nacional de DeTmatologia Sanitária. Manual de
normas e procedimentos para implantação dos esquemas OMS de poliquimioterapia no Brasil. Brasília, 1988. (Mimeo).
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Programas Especiais. Divisão Nacional de Dermatologia Sanitária. Relatório do grupo tarefa sobre aspectos sociais. Brasilia, 1994a. (Mimeo).
7. BECHELLI, L. M.; DOMINGUES, V.M. Further information on leprosy problem in the world. Bull. World Health Org., v.46, p.523 - 536, 1972.
8. BRASIL. Ministério da Saúde. SIA/SUS Sistema de Informações Ambulatoriais. BTasilia, 1998a. Disponível na INTERNET via
http:\\wwwdatasus@gov.br, consultado em outubro de 1998.
10. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Centro Nacional de Epidemiologia. Coordenação Nacional de DeTmatologia Sanitária. Guia de controle da hanseníase. Brasilia, 1994b.
11. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Centro Nacional de Epidemiologia. Coordenação Nacional de Dermatologia Sanitária. Alterações nas instruções normativas do Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase. Ofício circular n e 67.
Brasilia, 1988b. (Mimeo).
10. H ERTROIJS, A. A Study of some factors affecting the attendance of patiens in a leprosy control scheme. Inter. J. Leprosy, v.42, n.4, p. 419-427,1974.
11. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo demográfico 1991. Resultados do universo relativos às
características da população e dos domicílios. Rio de Janeiro, 1993.
12. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contagem Populacional de 1996. Rio de Janeiro, 1997.
14. KOTICHA, K.K.; PATRE, B.B.; NAIR, P.R.R. Problems of urban leprosy control with special reference to case holding. Inter. J. Leprosy, v.52, n.4, p. 482-487, 1984.
15. MARTELLI, C.M.T.; MORAES NETO, O.L.; ANDRADE, A.L.S.S.; SILVA, I.M.; ZICKER,F. Spatial patterns of leprosy in an urban aTea
of Central Brasil. Bull. World Health Org., v.73, n.3, p.315-319, 1995.
15. NAIK, S.S.; MORE, P.R. The patteTn of "drop-out" of smearpositive cases at an urban lepTosy centre. Indian J. Leprosy, v.68, n.2, p.161-166, 1996.16. OLIVEIRA, M. H. P; ROMANELLI, G. Os efeitos da hanseníase em homens e mulheres: um estudo de gênero. Cad. Saúde Pública, v.14, n.1, 1998.
18. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Guide de la lutte antilépreuse. 10 ed. Geneve, 1989. p.6-8.
20. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Um guia para eliminar a hanseníase como problema de saúde pública. Genébra, 1995. (WHO/LEP/95.1).
22. RAO, P.S.S.; KARAT, A.B.A.; KARAT, S. Epidemiological studies in leprosy in Gudiyatham Taluk (patterns of familial agggregation of
leprosy in an endemic area). Leprosy Rev.,v.40, p.93-98, 1969.20. RIO DE JANEIRO. Secretaria Estadual de Saúde. SecTetaria Municipal de Saúde. Secretaria Municipal de Planejamento de Duque de Caxias. Considerações gerais sobre o espaço urbano, condições de saúde e a tuberculose em Duque de Caxias - Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 1997. (Mimeo).
21. SYLLA, PM.; BLANC, L.; SOW, S.; DIALLO, A. S. Facteurs determinants de l'irrégularité des malades sous PCT dans le distTict de Bamako (Mali). Acta Leprol. v.9, n.2, p.68-75, 1994.
22. TRIER, Y.D.M.; SOLDENHOFF, R. Self-administered dapsone compliance of leprosy patients in EasteTn Nepal. Leprosy Rev, v.62,
p.53-57, 1991.
23. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Chemotherapy of leprosy for control programmes. Geneva, 1989. (Techical Report Series, 675).

Downloads

Publicado

30-06-2001

Como Citar

1.
Ignotti E, Andrade VLA, Sabroza PC, Araújo AJG. Estudo da adesão ao tratamento da hanseníase no município de Duque de Caxias - Rio de Janeiro. "Abandonos ou abandonados". Hansen. Int. [Internet]. 30º de junho de 2001 [citado 24º de abril de 2024];26(1):23-30. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/35330

Edição

Seção

Artigos originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)