Resumo
A reação hansênica é um dos maiores problemas no manejo dos pacientes portadores de hanseníase, no programa de controle da endemia. Muitos pacientes, durante o tratamento ou mesmo após a alta, buscam a unidade de saúde com complicações clínicas caracterizadas por processo inflamatório, acompanhado de dor, mal estar e, algumas vezes, piora do grau de incapacidade. O desconhecimento da magnitude do problema da reação hansênica no município do Rio de Janeiro dificulta o planejamento de seu efetivo controle pelo programa de controle desta endemia. Este estudo demonstrou a freqüência dos estados reacionais em pacientes de unidades básicas de saúde da Área de Planejamento (AP.) 3.2, tratados para hanseníase com poliquimioterapia padrão OMS no período de 1991 - 2004. Neste estudo verificou-se o perfil sócio-demográfico e clínico associados à ocorrência de episódios reacionais nos pacientes do estudo. Trata-se de estudo do tipo coorte não concorrente, cuja fonte de dados foi 667 prontuários. Identificou-se que a maioria dos portadores de hanseníase tinha idade entre 35 e 54 anos; eram mulheres (52,3%), casadas e referiram baixo nível de escolaridade. A presença de reação foi constatada em 43,5% dos prontuários avaliados. A freqüência de reações foi mais elevada entre as seguintes características: homens 49,4% (157), formas clínicas dimorfa e virchowiana, baciloscopia positiva, graus de incapacidade “zero” e “um” e tratamento acima de 12 doses. Estas características deveriam ser levadas em conta no cuidado aos portadores de hanseníase, para que a detecção precoce das reações e a instituição do tratamento específico pudessem diminuir a possibilidade de instalação de incapacidades físicas e seqüelas.
Referências
2. Andrade M. A cura como conceito vivido: o ex-sistir das 2 pessoas que se submeteram a poliquimioterapia para tratamento da hanseníase [tese de doutorado]. Rio de Janeiro: Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1997.
3. Foss NT, Goulart IMB, Gonçalves HS,Virmond M. Han3 seníase: Episódios Reacionais. Simpósio: Urgências e Emergências Dermatológicas e Toxicológicas. SociedadeBrasileira de Hansenologia e Sociedade Brasileira de Dermatologia. Disponível em: http://www.fmrp.usp.br/revista/2003/36n2e4/37episodios_reacionais_hanseniase.pdf.
4. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Políticas. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da Hanseníase. (Série Cadernos de Atenção Básica, 10). Brasília: Ministério da Saúde; 2002.
5. Nery JAC. Reação na Hanseníase: uma descrição epidemiológica. [dissertação de mestrado]. Niterói: Universidade Federal Fluminense; 1995.
6. Oliveira CR, Alencar MJF, Santana SC, Nascimento GF, Neto SAS. Estudo dos fatores que influenciaram a inadequação do diagnóstico e acompanhamento dos estados reacionais nos pacientes com hanseníase no estado de Rondônia. In: Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças, 3; 2004; Brasília; Brasil.
7. Pimentel MIF. Neurites na Hanseníase: significado de parâmetros clínicos e epidemiológicos na indução e agravamento das incapacidades físicas em pacientes multibacilares [dissertação de mestrado]. Rio de Janeiro: Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1998.
8. Coeli CM, Faerstein E. Estudos de Coorte. In: Medonho et al. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu; 2002. p. 161-73.
9. Gallo Men, Nery JAC, Albuquerque ECA, Sigmorelli M, Filho VFS. Hanseníase multibacilar: índices baciloscópicos e viabilidade do M. leprae após 24doses da PQT/OMS. In: Anais brasileiros de Dermatologia; 2000; Rio de Janeiro, Brasil. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Dermatologia.
10. Miranda MBS. Reações Hansênicas: estudo comparativo com esquemas poliquimioterápicos no Distrito Federal [dissertação de mestrado]. Brasília: Universidade de Brasília; 2005.
11. Ustianowski AP, Lockwood DNJ. Leprosy current diagnostic and treatment approaches. Curr. Opin. Infect. Dis. oct.2003; 16(5): 421-7.
12. Lochwood DNJ, Vinayakumar S, Stanley JNA, McAdam KPWJ, Colston MJ. Clinical features and outcome of reversal (Type 1) reactions in Hyderabad. International Journal of Leprosy 1992; 61(1): 8–15.
13. Saunderson P, Gebre S, Byass P. Enl reactions and impairments in the multibacillary cases of the AMFES cohort in central Ethiopia: incidence and risk factors. Leprosy Review 2000; (71): 318-24.
14. Manandhar R, Lemaster JW, Roche P. Risk factors for erythe ma nodosum leprosum. International Journal of Leprosy 1999; (67): 270-8.
15. Lienhardt C, Fine PEM. Type 1 reaction, neurits and disability in leprosy. What is the current epidemiological situation? Leprosy Review 1994; (65): 9-33.
16. Talhari S, Neves RG, Penna GO, Oliveira MLW. Hanseníase – Dermatologia Tropical. 4 ed. Manaus; 2006.
17. Gillis TP, Krahehbuhl JL. Global elimination of leprosy. Reviews in Medical Microbiology 1998; (9): 39-48.
18. Rijk AJ, Gabre S, Byass P, Berhanut T. Field evaluation of WHO-MDT of fixed duration at ALERT, Ethiopia. The AMFES project – II. Reaction and neurits during and after MDT in PB and MB leprosy patients. Leprosy Review 1994; (65): 320-32.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.