Resumo
A avaliação periódica de prevenção de incapacidades físicas é parte integrante do acompanhamento do paciente com hanseníase. O objetivo deste estudo foi comparar a evolução das incapacidades de pacientes atendidos em dois serviços com freqüências de avaliação diferentes, no período de janeiro de 1994 a dezembro de 1999, de 30 pacientes atendidos em José Bonifácio, SP, que segue a freqüência de atendimentos sugerida pelo Ministério da Saúde e de 98 pacientes atendidos em São José do Rio Preto, SP que avalia os pacientes com maior freqüência. Foram criados seis índices para avaliar a evolução das incapacidades, comparando os resultados no fim do tratamento com os obtidos na avaliação inicial. Apresentaram algum tipo de incapacidade no diagnóstico todos os casos multibacilares e 86,7% dos paucibacilares em José Bonifácio; e em São José do Rio Preto, 75% dos multibacilares e 59% dos paucibacilares. Os índices de incapacidades no Nariz e de Força dos Membros Superiores e Inferiores mostraram que estas foram pouco freqüentes; e, melhoraram ou mantiveram-se inalteradas, ao longo do tratamento, nos dois municípios. Houve evolução mais satisfatória para São José do Rio Preto, comparado a José Bonifácio, do Índice Geral, do Índice do Olho e do Índice da Sensibilidade do Membro Superior. A avaliação regular e adequada, tanto na investigação quanto no monitoramento das funções neurais, norteiam o profissional a realizar ações que evitem a evolução dos comprometimentos causados pelo dano neural na hanseníase, principalmente nos olhos, nas variáveis que dizem respeito à sensibilidade dos membros superiores e no índice geral.
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