Resumo
Este estudo teve como objetivo conhecer a situação epidemiológica da hanseníase no município de Belo Horizonte através da análise de indicadores epidemiológicos e operacionais, com ênfase no diagnóstico precoce da doença. Trata-se de um estudo de natureza descritiva, para o qual utilizamos como instrumento as Fichas Epidemiológicas e Clínicas dos casos notificados de residentes em Belo Horizonte no período de 1992 a 1997. Para a análise dos dados utilizamos o software EPIINFO. Neste período, foram notificados 1217 casos de hanseníase apresentando coeficientes de detecção considerados altos no período 92/94 e médios no período 95/97. Verificamos uma baixa detecção nas formas clínicas não contagiantes (15,6%), incluindo a forma indeterminada (3,9%) - fase inicial da doença - havendo um nítido predomínio das formas contagiantes (84,4%). Observamos que 5,6% dos casos incidiram em menores de 15 anos e que apenas 39,7% do total de casos foram diagnosticados com menos de 12 meses após o aparecimento dos primeiros sinais da doença; deste modo, explicando o alto percentual de doentes diagnosticados com presença de incapacidades 2 e 3 (10,6%). Concluímos que os serviços de saúde aindadiagnosticam a hanseníase tardiamente, o que favorece a sua expansão na sociedade e a instalação de incapacidades físicas nos portadores. Apesar de verificarmos uma tendência decrescente na taxa de detecção, os demais dados analisados sugerem a persistência da endemia. Por outro lado, não se pode deixar de mencionar a possibilidade de uma prevalência oculta, sugerida pelo diagnóstico tardio, que pode vir a comprometer as metas de eliminação da hanseníase.
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