Avaliação baciloscópica na hanseníase virchoviana (estudo de 60 necrópsias)
PDF

Palavras-chave

Hanseníase virchoviana
baciloscopia
visceral

Como Citar

1.
Trifilio M de O, Belone A de FF, Fleury RN. Avaliação baciloscópica na hanseníase virchoviana (estudo de 60 necrópsias). Hansen. Int. [Internet]. 30º de novembro de 1997 [citado 19º de setembro de 2024];22(2):10-9. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/36451

Resumo

Na literatura há referências de que a proliferação do M. leprae nas vísceras pode se manter mesmo na ausência de proliferação, em nível cutâneo-neural, e que isto poderia permitir reativações da hanseníase. Com o fito de avaliar-se a baciloscopia nas diversas localizações viscerais comprometidas na hanseníase virchoviana e, se possível, compará-las com a baciloscopia em material colhido em pele e nervos periféricos, analisamos 60 necrópsias de indivíduos virchovianos. Estas necrópsias foram divididas em grupos de acordo com os resultados da última baciloscopia que o paciente apresentou em vida, ou seja: Virchovianos ativos e em progressão — 15 necrópsias; Virchovianos ativos e em regressão — 17 necrópsias; Virchovianos inativos — 28 necrópsias. Em algumas necrópsias o índice da baciloscopia visceral ultrapassou o mesmo índice em nível cutâneo-neural, e em 3 necrópsias bacilos típicos foram encontrados somente em vísceras (laringe e testículos). Em termos comparativos com a baciloscopia cutâneo-neural estes resultados não puderam ser valorizados porque limitações de natureza técnica e legal nos impediram de colher fragmentos de pele e nervos periféricos em várias localizações. No entanto, há trabalhos sugerindo que a baciloscopia em linfonodos de drenagem da pele pode dar uma idéia bastante aproximada da baciloscopia cutânea. Em algumas das necrópsias examinadas, em localizações viscerais, o índice baciloscópico ultrapassou o mesmo índice no linfonodo axilar. Excluindo-se linfonodos axilares, os valores mais elevados do índice baciloscópico para as vísceras foram encontrados na laringe, testículos e faringe, com predomínio da primeira localização. Isto pode confirmar a relação entre temperatura tecidual e capacidade de proliferação bacilar, sugerindo que a laringe apresenta condições de adaptação e proliferação do M. leprae semelhantes à mucosa nasal, que é a via principal de eliminação bacilar.

https://doi.org/10.47878/hi.1997.v22.36451
PDF

Referências

ALFIERI, N., FLEURY, R.N., OPROMOLLA, D.V.A., URA, S., CAMPOS, I. Oral lesions in borderline and reactional tuberculoid leprosy. Oral Surgery, v.55, n.1, p.52-57, 1983.
BARTON, R.P.E. Lesions of the mouth, pharynx and larynx in lepromatous leprosy. Leprosy in India, v.46, p.130-134, 1974.
BARTON, R.P.E. Ear, nose and throat involvement in leprosy. In: HASTINGS, R.C., ed. Leprosy. Endinburgh: Churchill, p.243-252, 1985.
BERNARD, J.C.; VAZQUEZ, C.A.J. Visceral lesions in lepromatous leprosy. Study of sixty necropsies. Int. J. Leprosy, v.41, p.94-101, 1973.BRAND, P.W. Temperature variation and leprosy deformity. int. J. Leprosy, v.27, p.1-7, 1959.
CHACKO, C.J.G. Evolution of leprosy lesions in man. In: INTERNATIONAL LEPROSY CONGRESS,13, Haia, 11-17 september,1988.
COCHRANE, R.G. Signs and symptoms. In: COCHRANE, R.G., DAVEY, T.F. Leprosy in theory and practice 2nd ed. Bristol: Wright & Sons, 1964. p.251-274.
DESIKAN, K.V. Viability of M. leprae outside the human body. Lepr. Rev., v.48. p.231-235, 1977.
DESIKAN, K.V.; JOB, C.K. A review of post-mortem findings in 37 cases of leprosy. Int. I. Leprosy, v.36, p.32-44, 1968.
DRUTZ, D.J. et al. The continuous bacteremia of lepromatous leprosy. New Engl. J. Med., v. 287, p.159-164, 1972.
FITE, G.L. Leprosy from the histologic point of view. Arch. Pathol., v.35, p.611-644, 1943.
FLEURY, R.N. Doenças bacterianas. In: SILVA, I.M. da Dermatopatologia. Rio de Janeiro: Atheneu, 1983. p.99-100.
FLEURY, R.N. Manifestações sistêmicas. In: TALHARI, S., NEVES, R.G. Hanseníase Dermatologia Tropical. 2a ed. Manaus: ISEA, 1989. p.73-77.
FLEURY, R.N.; OPROMOLLA, D.V.A. Hanseníase virchoviana, fenômeno de Lúcio e criptococose. Hans. Int., v.13, p.47-55, 1988.
GARCIA, R.B. Avaliação do comprometimento específico das principais cadeias de linfonodos na hanseníase. Bauru: USP, 1981. Tese (doutorado) Faculdade de Odontologia.
J08, C.K. Gynecomastia and leprous orchits. A preliminary study. Int. I. Leprosy, v.29, p.423-440, 1961.
KHANOLKAR, V.R. Pathology of leprosy. In: COCHRANE, R.G., DAVEY, T.F. Leprosy and theory and practice. 2nd ed. Bristol: Wrigth & Sons, 1964. p.125-151.
KARAT, A.B.A. Acid-fast bacilli in the bone marrow of leprosy patients. Int. I. Leprosy, v.34, p.415-419, 1966.
KARAT, A.B.A. et al. Liver in leprosy: histological and biochemical findings. Brit. Med. I., v.2, p.307-310,1971.
KAUR, S. et al. A comparative evaluation of bacteriologic and morphologic indices of Mycobacterium leprae in skin, lymphnodes, hone marrow, nerve and muscle. Int. I. Leprosy, v.43, p.55-57, 1975.
MIMS, C.A. The pathogenesis of infectious disease. 2nd ed. London: Academic Press, 1982.
MITSUDA, K.; OGAWA, M. A study of one hundred and fifty autopsies on cases of leprosy. int. J. Leprosy, v.5, p.53-60, 1937.
POWELL, C.S.; SWAN, L.L. Leprosy: pathologic changes observed in fifty consecutive necropsies. Amer. I. Pathol., v.31, p.1131-1147, 1955.
RESS, R.J.W. The microbiology of leprosy. In: HASTINGS, R.C. ed. Leprosy. Edinburgh: Churchill, 1985. p.31-50.
RIDLEY, D.S. Bacterial indices. In: COCHRANE, R.G., DAVEY, T.F. Leprosy in theory and practice. 2nd ed. Bristol: John Wright, 1964. p.620-622.
RIDLEY, D.S. Histological classification and the imunological spectrum of leprosy. Bull. Who, v.51, p.452-465, 1974.
RIDLEY, D.S. Skin biopsy in leprosy: histological interpretation and application / Basle, Ciba-Geigy, 1977.
RIDLEY, D.S.; JOPLING, W.H. A classification of leprosy for research purposes. Lepr. Rev., v.33, p.119-128, 1962.
RIDLEY, D.S.; JOPLING, W.H. Classification of leprosy according to immunity. A five-group system. Int I. Leprosy, v.34, p.255-273, 1966.
SANTOS, E.M.C.; FLEURY, R.N. Correlações histopatológicas entre pele e linfonodos nas fases evolutivas da hanseníase virchoviana. Hans. Int., v.15, p.58-66, 1990.
SCHULMAN, S.; VACCARO, A. Las adenopatias leprosas. Estudo clínico, histologico y bacteriologic() comparativo de los ganglios em Ias formas lepromatosas y neural tuberculóides. Rev. Argentina Dennatosif, v.26, p.925-940, 1942.
SHARMA, K.D.; SHRIVASTAV, J.B. Lymphnodes in leprosy. int. I. Leprosy, v.26, p.41-50, 1958
SHEPARD, C.C. Temperature optimum of Mycobacterium leprae in mice. I. Bact., v.90, p.1271-1275, 1965.
STORRS, E.E. The nine - banded armadillo: a model for leprosy and other biomedical research. Int. J. Leprosy, v.39, p.703-714, 1971.
Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

Downloads

Não há dados estatísticos.