"A urbanização do tratamento da hanseníase"

Autores

  • Vera Lucia Gomes de Andrade Epidemiologista do Instituto de Dermatologia Sanitária - Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.47878/hi.1995.v20.36488

Palavras-chave:

Hanseníase urbana, Programas de Controle, PQT

Resumo

No Brasil, o Programa de Hanseníase vem passando por uma perda acelerada da qualidade de atenção aos pacientes residentes nas áreas urbanas. Dentro desta perspectiva, o diagnóstico da endemia para essas áreas passou a ser importante, valorizando-se a integração de todos os aspectos dos programa de interesse para a compreensão do processo de agravamento da endemia e suas conseqüências sociais. Esse trabalho tem o objetivo de auxiliar a formulação de intervenções adequadas a cada uma das realidades. Assumindo-se que o pré-requisito para a estruturação adequada do controle da hanseníase nas áreas urbanas é a descentralização do conhecimento do sujeito a ser estudado. Discute-se a descentralização da análise de dados com aperfeiçoamento da análise a nível local, para melhor monitorar o tratamento dos casos a partir dos alarmantes índices de abandono do tratamento, principal fator de falência do programa; a adoção do conceito áreas e comunidades de risco diferencial" e de prevalência de casos, considerando-se casos prevalêntes paciente efetivamente em tratamento, e que este é o principal indicador de eficiência das atividades de controle. Sugere-se como pontos de partida para o processo de urbanização do tratamento: Ao nível individual: adequar o tratamento MDT-OMS a cada situação particular (flexibilidade nas doses supervisionadas). Ao nível de município (distrito, sub regional, núcleo, regional etc..): buscar o aproveitamento máximo da rede de saúde já existente, para diagnóstico e tratamento MDT-OMS; identificar centros de referência mais próximo para os casos de reações e intercorrências clínicas; buscar a participação de médicos generalistas e outros profissionais no diagnóstico e tratamento da hanseníase; buscar recursos (conhecimento e insumos) para que todos os casos novos diagnosticados sejam tratados com MDT/OMS; criar oportunidade para o tratamento especifico para os pacientes que apresentam alguma incapacidade através da identificação de centros de referências; desenvolver um sistema de informações eficiente e adequado a cada área de atuação; desenvolver ações conjunta com o estado. Ao nível estadual: definir pólos de coordenação; assegurar um estoque de insumos para que todos os casos novos diagnosticados sejam tratados com MDT/OMS; estimular através dos meios de comunicação o cumprimento do tratamento completo (MDT/OMS), principalmente dos pacientes MB; garantir recursos tecnológicos para tratamento de pacientes portadores de incapacidades físicas; apoiar o desenvolvimento de um sistema de informações eficiente e adequado a cada área de atuação; viabilizar a capacitação e atualização contínua de recursos humanos; desenvolver meios para que as informações processadas e analisadas no nível central "desçam" até os profissionais que atuam em nível local (“feedback"); estimular a delegação de responsabilidade e a participação dos técnicos da linha de frente; assessorar os municípios no processo de transição do controle com a passagem do saber e da prática.

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Publicado

30-11-1995

Como Citar

1.
Andrade VLG de. "A urbanização do tratamento da hanseníase". Hansen. Int. [Internet]. 30º de novembro de 1995 [citado 22º de julho de 2024];20(2):51-9. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/36488

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