Resumo
Os casos de óbitos ou convalescência de primatas não-humanos (PNH) por febre
amarela (epizootias) apontam a circulação do vírus em uma determinada região e podem
anteceder a ocorrência dessa doença em humanos. Portanto, o diagnóstico adequado desta
enfermidade nos diferentes gêneros de PNH presentes no Brasil é importante para adoção
de medidas estratégicas de controle da FA, como a vacinação. O Centro de Patologia
do Instituto Adolfo Lutz (CPA-IAL), laboratório de referência macrorregional, participa
do Programa de Vigilância de Epizootias em PNH do Ministério da Saúde, por meio
da realização de exames histopatológico e imuno-histoquímico para FA. Este trabalho
apresenta a casuística recebida e analisada no CPA-IAL durante o ano de 2017. Foram
avaliadas amostras de 2.171 PNH, com resultado de 626 positivas no exame imunohistoquímico do fígado (28,83%). Destas, o estado de preservação foi satisfatório em
580 e insatisfatório devido à autólise em 132. Das satisfatórias, 577 (99,48%) exibiram
alterações histopatológicas típicas de FA no fígado, incluindo necrose/apoptose maciça
com presença de corpúsculos de Councilman-Rocha Lima, degeneração goticular e escasso
infiltrado inflamatório. Das insatisfatórias, 34,85% foram positivas. A concordância entre
histopatologia e IHQ foi muito boa (kappa=0,98). Os achados histológicos hepáticos de
FA são conclusivos e podem servir como método de triagem para realização da imunohistoquímica, sendo essas ferramentas diagnósticas essenciais para o diagnóstico e
monitoramento da doença, mesmo em casos de autólise tecidual.
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