Correlação estatística entre parâmetros microscópicos e microbiológicos em pimenta-do-reino moída (Piper nigrum L.) comercializada em Minas Gerais

Autores

  • Flaviane Cristina Lopes Matosinhos Serviço de Microscopia de Produtos, Instituto Octávio Magalhães, Fundação Ezequiel Dias,Belo Horizonte, MG, Brasil
  • Inês Helena Tristão de Oliveira Serviço de Microscopia de Produtos, Instituto Octávio Magalhães, Fundação Ezequiel Dias,Belo Horizonte, MG, Brasil
  • Juliane Rodrigues Silva Serviço de Microscopia de Produtos, Instituto Octávio Magalhães, Fundação Ezequiel Dias,Belo Horizonte, MG, Brasil
  • Gracielle Alves Carlos Serviço de Microbiologia de Produtos, Instituto Octávio Magalhães, Fundação Ezequiel Dias
  • Leandro Leão Faula Serviço de Microbiologia de Produtos, Instituto Octávio Magalhães, Fundação Ezequiel Dias
  • Marcos Paulo Gomes Mol Divisão de Ciência e Inovação, Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento, Fundação Ezequiel Dias
  • Virgínia del Carmen Troncoso Valenzuela Divisão de Ciência e Inovação, Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento, Fundação Ezequiel Dias

DOI:

https://doi.org/10.53393/rial.2020.v79.35482

Palavras-chave:

controle de qualidade, Salmonella, microbiologia de alimentos, análise de alimentos, pelo de roedor, insetos

Resumo

A ausência de Boas Práticas de Fabricação durante a colheita, processamento e manuseio da pimentado-
reino pode acarretar a contaminação do produto com sujidades microscópicas e microrganismos.
Foram analisadas 227 amostras de pimenta-do-reino, comercializadas em Minas Gerais, coletadas entre
2008 e 2018, quanto à presença de fragmentos de pelo de roedor e de insetos, coliformes a 45°C ou
Escherichia coli e Salmonella spp. Para verificar se havia correlação entre os contaminantes, foi empregado
método estatístico de regressão linear múltipla. As análises microscópicas evidenciaram presença de
fragmentos de pelo de roedor e de insetos em 26,0% e 30,5% das amostras, respectivamente, em valores
superiores ao limite tolerado pela RDC 14/2014. Quanto às análises microbiológicas, 10% das amostras
apresentaram coliformes a 45°C ou E. coli acima dos limites tolerados pela RDC 12/2001 e em 8,8% das
amostras foi detectada presença de Salmonella spp. A avaliação estatística mostrou que houve correlação
entre presença de fragmentos de insetos e de pelos de roedor e a contaminação por Salmonella spp. em
pimenta-do-reino. Os resultados demonstraram a importância das análises microscópica e microbiológica
simultaneamente para detecção dos contaminantes presentes bem como das possíveis relações existentes
entre eles e a melhor compreensão dos fatores que favorecem as contaminações.

Referências

1. Duarte MLR, Poltronieri MC, Chu EY, Oliveira RF,
Lemos OF, Benchimol RL et al. A cultura da pimentado-
reino/Embrapa Amazônia Oriental. 2.ed. rev.
Amp. Brasília(DF): Embrapa Informação Tecnológica;
2006. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/
digital/bitstream/item/140722/1/PLANTARPimernta-
do-reino-2a-ed-3a-impressao-2013.pdf

2. Keller SE, Van Doren JM, Grasso EM, Halik LA. Growth
and survival of Salmonella in ground black pepper
(Piper nigrum). Food Microbiol. 2013;34(1):182-8.
https://doi.org/10.1016/j.fm.2012.12.002

3. Gecan SJ, Bandler R, Glaze LE, Atkinson JC.
Microanalytical quality of ground and unground
marjoram, sage and thyme, ground allspice, black
pepper and paprika. J Food Prot. 1986;49(3):216-21.
Disponível em: http://jfoodprotection.org/doi/pdf/
10.4315/0362-028X-49.3.216

4. Galvin-King P, Haughey SA, Elliot CT. Herb and spice
fraud; the drivers, challenges and detection. Food
Control. 2018;88:85-97. https://doi.org/10.1016/
j.foodcont.2017.12.031

5. Moy GG and Todd ECD. Foodborne diseases –
Overview of chemical, physical, and other significant
hazards. In: Encyclopedia of Food Safety, vol.1.
Academic Press; 2014.p.243-252 Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/referencework/
9780123786135/encyclopedia-of-food-safety

6. Reinholds I, Bartkevics V, Silvis ICJ, Van Ruth SM,
Esslinger S. Analytical techniques combined with
chemometrics for authentication and determination
of contaminants in condiments: A review. J Food
Compost Anal. 2015;44:56-72. https://doi.org/
10.1016/j.jfca.2015.05.004

7. Ristori CA, Pereira MAS, Gelli DS. Behavior of
Salmonella Rubislaw on ground black pepper (Pipper
nigrum L.). Food Control. 2007;18:268-72. https://
doi.org/10.1016/j.foodcont.2005.10.015

8. Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 175 de 8 de
julho de 2003. Aprova o Regulamento Técnico de
Avaliação de Matérias Macroscópicas e Microscópicas
Prejudiciais à Saúde Humana em Alimentos
Embalados. Diário Oficial da União. Brasília, DF,
10 jul 2003. Seção 1(130):32. Disponível em: http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2003/
res0175_08_07_2003.html

9. Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 14, de 28
de março de 2014. Dispõe sobre matérias estranhas
macroscópicas e microscópicas em alimentos
e bebidas, seus limites de tolerância e dá outras
providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF,
31 março 2014. Seção 1(61):58. Disponível em: http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2014/
rdc0014_28_03_2014.pdf

10. Ministério da Saúde (BR). Agência Nacional de
Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 12, de 2 de
janeiro de 2001. Aprova o regulamento técnico sobre
padrões microbiológicos para alimentos. Diário
Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan 2001. Seção
1(7):45. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/anvisa/2001/res0012_02_01_2001.html

11. AOAC Official Methods of Analysis. Extraneous
Materials: Isolation N° 972.40 A (16.14.23).
20.ed.; 2016.

12. APHA. Compendium of methods for the
microbiological examination of foods. 5.ed.
Washington; 2015.

13. AOAC Official Methods of Analysis. Coliform and
Escherichia coli counts in foods Chapter 17 N° 991.14,
20.ed.; 2016.

14. AOAC Official Method 2005.03 Detection and
Confirmed Quantitation of Coliforms and E.coli in
Foods, 20.ed.; 2016.

15. AOAC Official Method 2011.03. VIDAS Salmonella
(SLM) Easy Salmonella Method, 20.ed.; 2016.

16. Bacteriological Analytical Manual Online. Food
and Drug Administration. Version: Chapter 5:
Salmonella. 8.ed. Arlington: FDA; 2018. Disponível
em: https://www.fda.gov/food/laboratory-methodsfood/
bacteriological-analytical-manual-bamchapter-
5-salmonella

17. Agresti A. Categorical data analysis. 2.ed. New York:
Wiley; 2002.

18. Hollander M e Wolfe DA. Nonparametric Statistical
Methods. New York: John Wiley & Sons; 1999.

19. Jewell NP. Statistics for Epidemiology. New York:
Chapman & Hall /CRC; 2004.

20. Efroymson MA. Multiple regression analysis -
Mathematical Methods for Digital Computers;
Ralston A and Wilf HS (eds.). New York: Wiley; 1960.

21. Hosmer DW, Lemeshow S. Applied Logistic
Regression. New York: Wiley; 2000.

22. Nagelkerke NJD. A note on a general definition
of the coefficient of determination. Biometrika.
1991; 78(3): 691-2. Disponível em: https://www.
cesarzamudio.com/uploads/1/7/9/1/17916581/
nagelkerke_n.j.d._1991_-_a_note_on_a_general_
definition_of_the_coefficient_of_determination.pdf

23. Silva ERA, Martini MH. The presence of rodent hair
in food: a risk of human health. Proceedings of the 9th
International Working Conference on Stored Product
Protection; 2006. Disponível em: http://spiru.cgahr.
ksu.edu/proj/iwcspp/pdf2/9/6216.pdf

24. Santos CCM, Graciano RAS, Peresi JTM, Ribeiro AK,
Carvalho IS, Quirino GK et al. Avaliação dos padrões
de identidade e qualidade da pimenta-do-reino
comercializada na região de São José do Rio Preto, SP.
5º Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos;
1999; Foz de Iguaçu: Hig Aliment. 1999;13(61):101-4.
Disponível em: http://higienealimentar.com.br/61-2/

25. Graciano RAS, Atui MB, Dimov NM. Avaliação das
condições higiênico-sanitárias de cominho e pimenta
do reino em pó comercializados em cidades do Estado
de São Paulo, Brasil, mediante a presença de matérias
estranhas. Rev Inst Adolfo Lutz. 2006;65(3):204-8.
Disponível em: http://www.ial.sp.gov.br/resources/
insituto-adolfo-lutz/publicacoes/rial/2000/rial65_3_
completa/1090.pdf

26. Atui MB, Castejon MJ, Yamashiro R, De Lucca T, Flinn
PW. Condições higiênico-sanitárias da pimenta-doreino
em pó (Piper nigrum L.) com o emprego de
duas diferentes técnicas para detecção de sujidades
leves. Rev Inst Adolfo Lutz. 2009;68(1):96-101.
Disponível em: http://www.ial.sp.gov.br/resources/
insituto-adolfo-lutz/publicacoes/rial/2000/rial68_1_
completa/1195.pdf

27. Moreira PL, Lourenção TB, Pinto JPAN, Rall VLM.
Microbiological quality of spices marketed in the city of
Botucatu, São Paulo, Brazil. J Food Prot. 2009;72(2):421-4.
https://doi.org/10.4315/0362-028X-72.2.421

28. Neto MCV, Vieira CA, Ferreira ACB, Silva MCC,
Valenzuela VCT, Matosinhos FCL et al. Qualidade
microbiológica e microscópica de amostras comerciais
de pimenta-do-reino (Piper nigrum L.). Gest Cienc
Saude - Rev Fund Ezequiel Dias., 2009:5(2)93-97.

29. Oliveira NEG, Teshima E. Avaliação de
microrganismos patogênicos na pimenta-do-reino. V
Congresso latino americano e XI Congresso brasileiro
de higienistas de alimentos; abril de 2011; Salvador,
BA:. Anais do V Congresso Latino Americano e XI
Congresso Brasileiro de Higienistas de Alimentos;
2011. p.1116 [resumo].

30. Silva JF, Melo BA, Leite DT, Cordeiro MFR, Pessoa
EB, Barreto CF et al. Análise microbiológica de
condimentos comercializados na feira central de
Campina Grande – PB. Agropecu Cient Semi-árido.
2013;9(2):83-7. Disponível em: http://revistas.ufcg.
edu.br/acsa/index.php/ACSA/article/view/370/pdf

31. Michelin AF, Araújo, MJ, Kimura, RS, Bronharo TM.
Contaminação por enteropatógenos em pimenta-doreino
moída. Bol Inst Adolfo Lutz. 2016; 26(U): 1-3.
Disponível em: http://www.ial.sp.gov.br/resources/
insituto-adolfo-lutz/publicacoes/bial/bial_26/26u_
art-1.pdf

32. Germano PML e Germano MIS. Higiene e vigilância
sanitária de alimentos. São Paulo (SP): Livraria
Varela; 2003.

33. Burt S. Essential oils: their antibacterial properties
and potential applications in foods: a review Int J
Food Microbiol. 2004;94(3):223-53. https://doi.org/
10.1016/j.ijfoodmicro.2004.03.022

34. Zimmerman ML, Friedman SL. Identification of
rodent filth exhibits. J Food Sci. 2000;65(8):1391-4.
https://doi.org/10.1111/j.1365-2621.2000.tb10618.x

35. Hair-Jr JF, Black WC, Babin BJ, Anderson RE, Tatham
MRL. Análise multivariada de dados. 6.ed. Porto
Alegre(RS): Bookman; 2009.

36. Aleixandre-Tudó JL, Alvarez I, García MJ, Lizama V,
Aleixandre JL. Application of multivariate regression
methods to predict sensory quality of red wines.
Czech J Food Sci. 2015;33(3):217-27. https://doi.org/
10.17221/370/2014-CJFS

Downloads

Publicado

2020-06-30

Como Citar

Matosinhos, F. C. L. ., Oliveira, I. H. T. de ., Silva, J. R. ., Carlos, G. A. ., Faula, L. L. ., Mol, M. P. G. ., & Valenzuela, V. del C. T. . (2020). Correlação estatística entre parâmetros microscópicos e microbiológicos em pimenta-do-reino moída (Piper nigrum L.) comercializada em Minas Gerais. Revista Do Instituto Adolfo Lutz, 79(1), 1–8. https://doi.org/10.53393/rial.2020.v79.35482

Edição

Seção

ARTIGO ORIGINAL