Resumo
A hanseníase representa ainda um grave problema de saúde pública no Brasil e, sobretudo, em Paracatu-MG (detecção de 17,9/100.000 hab. em 2010). Uma parte importante dos contatos de crianças previamente tratadas não havia comparecido ao serviço de saúde para realização do exame dermatoneurológico. Objetivos: conhecer o perfil socioeconômico dos contatos de escolares tratados de hanseníase em Paracatu (MG), de 2004 a 2006, identificar o conhecimento sobre a doença, a percepção sobre os serviços de saúde do município e identificar os motivos do não comparecimento para a realização do exame dermatoneurológico preconizado. Foi desenvolvido um roteiro de entrevista semiestruturada, aplicado em visitas domiciliárias, no ano de 2009, a 46 sujeitos de 33 famílias. Resultados: Do total de 46 contatos pesquisados, 61% eram homens e 24% encontram-se entre a faixa etária de 21 a 28 anos; 33% eram os pais das crianças tratadas, 54% analfabetos funcionais, com renda familiar de 1 a 2 salários mínimos. Entre os entrevistados, 78% residiam em bairros periféricos pobres. O principal motivo referido por 38% dos contatos para a não realização do exame dermatoneurológico foi falta de tempo devido ao horário trabalho. O risco de adquirir a doença era desconhecido por 50,0% dos entrevistados, que sugeriram ampliação dos horários de atendimento, visitas domiciliárias da equipe de saúde com informações e divulgações da doença como melhorias ao acesso aos serviços de saúde. Conclusão: a reorientação dos serviços de saúde pode ampliar as ações de promoção de saúde, de prevenção da doença e adesão ao tratamento da hanseníase.
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