Resumo
Trabalho originado de um projeto piloto de capacitação profissional ou semi-profissionalizante desenvolvido nos anos de 2001 e 2002 com onze usuários de serviços de saúde do Estado de São Paulo: pessoas atingidas pela hanseníase e comunicantes. No processo de seleção dos sujeitos realizou-se uma pesquisa qualitativa para verificar as alterações ocorridas na situação de trabalho após o diagnóstico de hanseníase. Como instrumentos foram utilizados um formulário e a história de vida tópica. A análise dos dados apontou as categorias: qualidade de vida; percepções e representações sobre a doença; situação social desencadeada a partir do diagnóstico; hanseníase e relação de trabalho; hanseníase e sistema de saúde. Resultados apontam: que a mentira e a omissão da doença são percebidas como necessárias à obtenção e/ou manutenção do emprego, uma vez que o preconceito, a discriminação e o isolamento em função do estigma ainda persistem; o aumento da auto-estima dos sujeitos com o curso de capacitação realizado; relatos de profissionais da área da saúde ainda despreparados em relação à hanseníase. Como propostas são apontadas: intensificação de campanhas à população; realização de pesquisa para compreensão do percurso do usuário até a unidade de saúde e o diagnóstico de hanseníase; educação continuada dos profissionais da rede; inclusão do tema nos cursos de graduação e pós-graduação dos futuros profissionais da área da saúde; e expansão dos cursos de capacitação a usuários de outras unidades do Estado de São Paulo.
Referências
2 Martinelli ML. Seminário sobre metodologias qualitativas de pesquisa. In: Martinelli ML, organizadora. Pesquisa qualitativa: um instigante desafio. São Paulo: Veras; 1999. p. 24-9.
3 Cruz Neto O. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: Minayo MCS, organizadora. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes; 1994.
4 Silva Mad. Qualidade de vida: o que mais além da dieta, do exercício e da prevenção de doenças. Insight 1998; 8 (85): 24-7.
5 Rocha Cs, Fritsch R. Qualidade de vida no trabalho e ergonomia: conceitos e práticas complementares. Serviço social e Sociedade 2002; 23 (69): 53-72.
6 Claro Lbl. Hanseníase: representações sobre a doença. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 1995.
7 Branden N. Auto-estima: como a aprender a gostar de si mesmo. 4ed. São Paulo: Saraiva 1992; p. 9-10.
8 Mioto RCT. Família e Serviço Social: contribuições para o debate. Serviço Social e Sociedade 1997; 18 (55): 114-30.
9 Rotberg A. Lepra: o estigma agrava a doença. Radis, Tema 5, Escola Nacional de Saúde Pública 1983; (1): 2-5.
10 Monteiro YN. Origens e histórico da marginalização dos portadores de hanseníase; [199-]. Mimeografado.
11 Freire P. Educação como prática da liberdade. 3ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1971.
12 Pochmann M. O desemprego no capitalismo. Serviço Social e Sociedade 1996; 17 (52): 165-7.
13 Silveira MLS. De pobre a trabalhador: uma reflexão sobre o sujeito no Serviço Social. Rio de Janeiro: Produtor Editorial
Independente; 2000.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.