Lepra para hanseníase: a visão do portador sobre a mudança de terminologia

Autores

  • Luana Laís Femina Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem da FAMERP (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), Av. Brigadeiro Faria Lima, 5416, Vila São Pedro, São José do Rio Preto- SP
  • Ana Claudia Parra Soler Acadêmica do curso de graduação em Enfermagem da FAMERP (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), Av. Brigadeiro Faria Lima, 5416, Vila São Pedro, São José do Rio Preto- SP
  • Susilene Maria Tonelli Nardi Terapeuta Ocupacional, Mestre, Pesquisador Científico do Instituto Lauro de Souza Lima, Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros Km 225/226. Bauru-SP
  • Vânia Del´Arco Paschoal Enfermeira Doutora, docente da FAMERP, DESCOP

DOI:

https://doi.org/10.47878/hi.2007.v32.35192

Palavras-chave:

hanseníase, preconceito, terminologia

Resumo

A hanseníase, doença milenar, foi motivo de exclusão compulsória dos entrevistados ao convívio social. Atualmente sua cura é possível, a falta de informação existe e o preconceito ainda é um problema grave. Medidas foram tomadas na tentativa de diminuir o estigma, como a Lei nº 9.010/95, que oficializou a mudança no uso do termo lepra para hanseníase. Este trabalho objetivou investigar as mudanças sob o prisma das pessoas que têm ou tiveram hanseníase. Foi aplicado protocolo próprio contendo perguntas fechadas em 50 entrevistados. A análise estatística foi descritiva, com cálculos percentuais simples e cruzamento de variáveis. Os resultados revelaram que houve predomínio de casados (56%), aposentados (30%) e assalariados (20%); com ensino fundamental incompleto (46%). Dos 64% que conheciam outra terminologia para hanseníase, 93,8% citaram o termo lepra e 90% sabiam do preconceito histórico; 63% julgavam que a mudança do nome pode ter diminuído o preconceito e 76,7% achavam que as pessoas sabiam que a hanseníase era antiga lepra, tanto que ao comentar sobre a doença, a maioria (60%) logo referia o termo à lepra. O medo sob seus vários aspectos, atingiu 50% dos entrevistados. Salientamos a falta de informação em relação a formas de transmissão, instalação de deficiências e tratamento. O passado histórico ainda exerce influência apesar da mudança do nome, pacientes enfrentam preconceitos no meio social, pela associação com termo lepra. A dificuldade no entendimento dos conceitos pode ser uma das causas do estigma. Inferimos que a mudança do termo não foi capaz de eliminar preconceitos.

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Referências

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Publicado

30-06-2007

Como Citar

1.
Femina LL, Soler ACP, Nardi SMT, Paschoal VD. Lepra para hanseníase: a visão do portador sobre a mudança de terminologia. Hansen. Int. [Internet]. 30º de junho de 2007 [citado 18º de abril de 2024];32(1):37-48. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/35192

Edição

Seção

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