Resumo
Para eliminar a hanseníase como problema de saúde pública no Brasil até o ano 2005, o Sistema Único de Saúde seguiu a proposta de descentralização das ações de controle da hanseníase. Para tanto, faz-se necessário conhecer a magnitude deste agravo, por meio de indicadores epidemiológicos e operacionais e da estimativa da prevalência oculta, a fim de planejar estratégias de ação e avaliar seus resultados, respeitando as realidades locais e regionais. Para caracterizar a endemia hansênica e estimar a prevalência oculta no município de Uberlândia realizou-se um estudo analítico retrospectivo das 613 fichas de casos notificados no período de janeiro de 1996 a dezembro de 2000, pelo Sistema de Informações de Agravos de Notificação. Os resultados demonstraram uma estimativa de prevalência oculta de 142 casos até o ano 2000, elevando a prevalência oficial de 4,47/10.000 habitantes para uma taxa de prevalência real de 7,39/10.000 habitantes. Os distritos sanitários com maior estimativa de prevalência oculta apresentaram também aumento do coeficiente de detecção em menores de 15 anos e coincidiram com áreas onde predominam os antigos focos da doença. Com a identificação das áreas prioritárias, relacionaram-se os fatores técnicooperacionais como fatores que impediram o controle da hanseníase. Com isso, almeja-se sensibilizar os gestores do SUS no município, para propor uma política de saúde que priorize a qualidade e hierarquização da assistência, através de uma capacidade resolutiva consolidada na competência dos profissionais de saúde e no desenvolvimento de mecanismos de articulação e mobilização da sociedade para eliminação da hanseníase em nível municipal até 2010.
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