Resumo
O tratamento da hanseníase não se limita apenas à cura bacilífera do doente, considerando que as incapacidades físicas que a doença pode gerar são um dos fatores mais estigmatizantes. Com a mudança do esquema terapêutico de poliquimioterapia de 24 para 12 doses, surgiu a necessidade de conhecer melhor como esses pacientes vêm se comportando, após a alta medicamentosa, em relação a incapacidades físicas e surtos reacionais. Trata-se de um estudo transversal, objetivando verificar graus de incapacidades físicas em mãos e pés, após alta terapêutica nos anos de 1998 a 2000 sendo reavaliados no ano de 2005. Foram avaliados 60 pacientes onde 30 pacientes tratados com 12 doses e 30 pacientes tratados com 24 doses de três centros de referência no tratamento da Hanseníase, no plano piloto de Brasília. A presença de incapacidades físicas está relacionada à quantidade de surtos reacionais. Os pacientes tratados com 12 doses tiveram tendência maior a apresentar reações pós-tratamento (10%), enquanto os tratados com 24 doses apresentaram um índice maior de reações durante o tratamento. Quanto ao grau de incapacidade, foi significativa a piora dos pacientes dos dois grupos, na segunda avaliação. Existe a necessidade de um controle maior deste pacientes pós-alta, pois a maioria das reações ocorre após a alta terapêutica onde podem surgir as incapacidades. Sugere-se que o acompanhamento dos pacientes seja mensalmente para avaliar as evoluções dos episódios reacionais e impedir evolução do grau de incapacidade dos mesmos.
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