Significados associados à hanseníase pelos hansenianos
DOI:
https://doi.org/10.47878/hi.2006.v31.36344Palavras-chave:
hanseníase, papel da enfermagem, preconceitoResumo
Apesar da evolução e da melhora na qualidade da assistência prestada aos doentes de hanseníase, em nosso país, observa-se ainda a presença da estigmatização da doença. A presente pesquisa trata-se de um estudo descritivo, cujos objetivos foram: caracterizar o perfi l dos hansenianos atendidos no hospital Padre Bento e identifi car as repercussões psicossociais associadas à doença. Após a aprovação pelo Comitê de Ética, as entrevistas foram gravadas, transcritas e passaram por um processo de análise de conteúdo. Os resultados foram: 50% eram mulheres; 71% possuíam o 1º grau incompleto de escolaridade sendo o restante composto por analfabetos (sendo 43% das mulheres e 14,3% dos homens), 65% dos sujeitos possuíam mais de 45 anos de idade. O grupo multibacilar predominou (93%) e o índice de sujeitos que abandonou ao menos uma vez o tratamento foi de 43%. Referiram: discriminação no trabalho; aposentadoria por incapacidade física; afastamento de amigos, receio do preconceito das pessoas em relação à doença, e mudanças de hábitos cotidianos. Podemos concluir que os sujeitos estudados constituem um grupo de excluídos socialmente, estigmatizados no trabalho, no lazer e nas relações interpessoais. Dessa forma, o estudo aponta para a necessidade de práticas de saúde voltadas à inserção social.
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