Ultrastructural study of the dermal nerves in the cutaneous macular lesions of patients with early leprosy

Resumo

Treze biópsias de lesões maculares de pacientes com hanseníase em fase inicial foram submetidas a estudo ultra-estrutural com microscopia eletrônica de transmissão. A microscopia ótica dessas biópsias havia evidenciado previamente envolvimento inflamatório de nervos cutâneos. 0 diagnóstico clínico dos casos variou entre hanseníase indeterminada ou hanseníase "borderline tuberculóide". Ao exame ultra-estrutural, 27 nervos foram encontrados nas treze biópsias. Em vinte nervos de 11 biópsias não foram encontrados envolvimento inflamatório, nem qualquer outro tipo de alteração morfológica. Sete nervos de sete biópsias estavam morfologicamente associados com infiltração leucocftica mononuclear que se localizava predominantemente em tomo do nervo, permeando o perineuro ou invadindo o endoneuro. Em quatro biópsias foram encontrados nervos com envolvimento inflamatório e concomitantemente nervos sem infiltrado inflamatório. Três nervos mostraram evidências morfológicas de fibrose endoneural não associada à presença de células inflamatórias, pelo menos nas secções examinadas. Não foram observadas alterações ultraestruturais de fibras nervosas (axônio e célula de Schwann). Ao fim do tratamento, os pacientes exibiram recuperação da hipoestesia nas manchas hipocrômicas. A ausência de lesão de fibras neurais pelo infiltrado inflamatório, o encontro de alterações restritas aos componentes acessórios do nervo (perineuro) associados à recuperação da sensibilidade pelos pacientes ao final do tratamento sugerem que as lesões neurais nas fases iniciadas da hanseníase são ocasionadas por processos patológicos reversíveis e não por lesão anatômica de fibras neurais. Podemos ainda especular que pode existir um processo patológico independente e paralelo 6 inflamação no mecanismo de lesão neural da hanseníase.