Resumen
A "loucura" e a hanseníase, dois quadros patológicos muito diferentes, apresentam em suas histórias diversas semelhanças e complementações no que diz respeito às práticas e políticas públicas de saúde. Foi a esta relação que este estudo atentou-se, verificando através do resgate da literatura, as interfaces existentes entre ambas, no que diz respeito aos seus aspectos históricos, sociais e culturais. Entre as principais semelhanças verificou-se todo um contexto de isolamento social, segregação, estigma e, em muitos momentos, descaso com as políticas de Saúde Mental e de Dermatologia Sanitária. Desde a disseminação dos antigos leprosários europeus na Idade Média, que posteriormente passaram a pertencer, por herança histórica, aos insanos, que a hanseníase e a "loucura" vivem na instituição do asilamento. Nos dias atuais, em especial no contexto brasileiro, onde presenciamos ainda um considerável índice epidemiológico da hanseníase e há mais de uma década o movimento antimanicomial, que busca garantia de direitos básicos de cidadania às pessoas com transtorno mental, vemos que estas duas realidades mantêm traços de seus processos históricos. As incapacitações físicas e dores da hanseníase e o sofrimento mental, não são as únicas dificuldades enfrentadas por seus portadores. Estes continuam à margem da sociedade, ainda incompreendidos por um contexto social que segrega o diferente.
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