A coloração de, lipídios pelo Sudão lll. Importância na classificação histopatológica da hanseníase

Autores/as

  • RENE GARRIDO NEVES Médico Encarregado. da Turma de Anatomia Patológica do ex-Instituto de Leprologia do Ministério da Saúde. Rio. Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.47878/hi.1977.v2.36065

Palabras clave:

Lipídios, Sudão III, Hanseníase, Célula de Virchow, Indeterminada, Virchowiana Tuberculóide, Dimorfa

Resumen

1º) As técnicas de coloração para lipídios devem ser realizadas, rotineiramente, ao lado da Hematoxilina eosin e da coloração de bacilos a fim de aumentar a precisão diagnóstica das diversas formes clinicas da Hanseníase. 2.°) O Sudão III usado em 8972 casos permite concluir que, apesar dos pequenos inconvenientes da fácil cristalização e descoramento das preparações é imprescindível à correção do diagnóstico histopatológico. 3.°) Na Hanseníase Indeterminada a pesquisa de lipídio patológico é sempre negativa. Alguns casos clinicamente diagnosticados como Indeterminados revelaram tratar-se de Hanseníase Virchowiana incipiente ou em fase de transição graças ao achado de células de Virchow típicas com o duplo componente bacilos-lipídio. Somente o emprego obrigatório da coloração para lipídios despista estes casos.
4.°) Na Hanseníase Tuberculóide, com granulomas quiescentes a pesquisa de lipídios é sempre negativa. 5.°) Na Hanseníase Tuberculóide reacional a pesquisa de lipídio anormal é negativa porém graças ao edema que desestrutura os granulomas aparece uma tonalidade amarelada, clara e difusa. Isto se deve à solubilização parcial do corante no liquido de edema que contém uma fração de lipóides normais. Um patologista não familiarizado com esta imagem poderia considerá-la como positiva (é portanto falso-positiva).  6.°) Consideramos como Hanseníase Tuberculóide em reação quando nem todos os granulomas apresentam edema separando as células epitelióides; a cor amarelada difusa somente é observada nos que estiverem nesta fase de transição. 7.°) Na Hanseníase Virchowiana em atividade a pesquisa de lipídios foi positiva em mais de 99% dos casos. 8.°) Na Hanseníase Virchowiana em regressão e residual a presença de lipídios é praticamente de 100%. No estádio final a deposição do lipídio se faz também no interior de grandes vacúolos, cavidades e no citoplasma de células gigantes do tipo corpo estranho. 9.°) Na Hanseníase Dimorfa encontramos positividade em 75,9% dos casos. 10.°) Na Hanseníase Dimorfa é multo importante o reconhecimento dos 2 tipos de imagem pois elas podem estar presentes na mesma preparação:
— lipídio localizado grumoso e nítido, nas células de Virchow;
— lipídio difuso, amarelo claro, nos granulomas tuberculóides com edema.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Citas

1. ALONSO, A. M. Estados reacionais da lepra. Med. Cut. Iber. Lat. Amer., 3(3):198-208, 1975.
2. ANDRADE, L. M. C. Histopatologia. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Noções de leprologia. Rio de Janeiro, 1969. p. 31-39.
3. AZULAY, R. D. Histopathology of the skin lesions in leprosy. Int. J. Lepr., 33(2-II) :244-250, 1971.
4. AZULAY, R. D. & ANDRADE, L. M. C. Pesquisa do lipídio intra citoplasmático nas várias estruturas histopatológicas encontradas na lepra. An. Brasil. Dermat., 44(3):181-189, 1969.
5. AZULAY, R. D. & ANDRADE, L. M. C. Pesquisa do lipídio nas várias formas clínicas de lepra: estudo realizado em 6536 casos. Derm. Ibero Lat. Amer., 10(1) :51-56, 1968.
6. AZULAY, R. D. & ANDRADE, L. M. C. O valor da pesquisa de lipídio no diagnóstico dos vários tipos estruturais encontrados na lepra: estudo realizada em 1053 casos. Arq. Serv. Nac. Lepra, 10(1) :47-53, 1952.
7. BUENGELER, W. Patologia morfológica de las enfermidades tropicales: A. Enfermedades infecciosas causadas por bacterias. 2 - Lepra. In: HUECCK, W. Patologia morfologica. Trad. J. G. Sanchez-Lucas e R. Alvarez Zamora. Buenos Aires, Editorial Labor 1944. p. 885-914.
8. CAMPOS, J. Lipoids in the reactional tuberculoid leprosy granuloma: their diagnostic value. Int. J. Lepr., 18(2) :155-160, 1950.
9. CASTRO, I. Contribuição aos métodos histoquímicos aplicados it identificação de lipídios. Bol. Serv. Nac. Lepra, 14(3/4):99-106, 1955.
10. CEDERCREUTZ, A. Leprastudien, angeschlossen an einige neue histologische Beobachtungen bei Lepra Tuberosa. Arch. Derm. Syph., 128:20-78, 1920.
11. DADDI. C. apud LISON, L. Histochemie et cytochimie animales. 2. ed. Paris, Gauthiers-Villars, 1953.
12. DAVISON, A. R.; KOOIJ, R.; WAINWRIGHT, J. Classification of leprosy. II. The value of fat staining in classification. Int. J. Lepr., 28(2) :126-132, 1960.
13. DUBOIS, A. La lèpre au Congo en 1938. Mem. Inst. Royal Colonial, 10(2), 1940.
14. ENCONTRO DE PATOLOGISTAS, Bauru, 14-09-1975. Relatório final.
15. FERNANDES M. C. Métodos escolhidos de técnica mícroscópica. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional, 1943. p. 297-298.
16. FITE, G. L. Leprosy from the histologic point of view. Arch. Pathology, 35:611-644, 1943.
17. FITE, G. L. 33, 1951.
18. GHOSH, S.; leprosy. The pathology and pathogenesis of leprosy. Ann. NY. Acad. Scí., 54(1) :28-SEN GUPTA, P. C.; MUKERJEE, N. Histochemical study of lepromatous Bull. Calcutta Sch. Trop. Med., 10:102-105, 1962.
19. HANSEN, G. A. Zur pathologie des Aussatzes. Arch. Dermat. Syph., 3:194, 1871.
20. HARADA, K. Histochemical studies of leprosy, specially the mode of formation of lepra cells. Lepro., 24 (1) :277-282, 1955.
21. HERXHEIMER, G. Sobre a célula leprosa. Virchow's Arch. path. Anat., 245:403, 1923.
22. KEDROWSKY, W. The nature and source of the lipoids in the leprosy cells. In: CONGRÈS INTERNATIONAL LÈPRE, Cairo, 1938. Bríef Summary. Cairo, 1938. p. 20-21.
23. KHANOLKAR, V. R. Pathology of leprosy. In: COCHRANE, R. G. & DAVEY, T. F. Leprosy in theory and practice. 2. ed. Bristol, John Wright, 1964. p. 125-151.
24. KOOIJ, R. The value of the histological criterion for the classification of leprosy: a study of reports by several examines of the same histological preparations. Int. J. Lepr., 23 (3) :301-306, 1955.
25. LANGERON, M. Précis de microscopie. 7. ed. Paris, Masson, 1949. 453 p.
26. LATAPI, F. Classification de la lepra. In: CONGRESO INTERNACIONAL DE LA LEPRA, 5.°, Habana, 1948. Memoria. Habana, CENIT, 1949. p. 481-487.
27. LISON, L. Histochimie et cytochimie animales. 2. ed. Paris, Gauthiers-Villars, 1953. p. 354-355.
28. LILLIE, R. D. Histopathologic techníc and practícal histochemístry. 2. ed. New York, Blakiston, 1954. p. 76-77, 302.
29. MITSUDA, K. The significance of the vacuole in the Virchow lepra cells and the distribution of lepra cells in certain organs. Int. J. Lepr., 4(4) :491-507, 1936.
30. PHILIPPSON, L. Die Histologie der Acut Entstehender Hyperemischen (Erythematösen) Flecke der Lepra Tuberosa. Virchows Arch., 132(2) :229-246, 1893.
31. PORTUGAL, H. Contribution to the study of the classification of leprosy: aspect of lesions antigenic response, and presence of microorganisms in histologic struture. Int. J. Lepr., 15(2) :162-168, 1947.
32. RABELLO, F. E. A doutrina da hanseníase na concepção dos hansenólogos de formação latina (1938-1974): um retrospecto com vistas ao Congresso Int. do México de 1978. Med. Cut. lb. Let. Amer., 4 (3) :217-226, 1976.
33. RABELO NETO, A.; ANDRADE, L. M. C.; NEVES, R. G.; ANDRADE, R. S.; SILVA N. C. Evolução dos casos indeterminados tratados no Dispensário de Nova Iguaçu no período de 1949 até 1960. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE LEPROLOGIA, 8.°, Rio de Janeiro, 1963. Anais. Rio de Janeiro, Serviço Nacional da Lepra, 1963. v.1, p. 449-479.
34. RIDLEY, D. S. & JOPLING, W. H. A classification of leprosy for research purposes. Lepr. Rev., 33(2) :119-128, 1962.
35. ROMEIS, B. Zur Methodik der Fettfärbung mit Sudan III. Virchow's Arch. path. Anat., 264:301-304, 1927.
36. SAKURAI, I. & SKINSNES, O. K. Lipids in leprosy. 2. Histochemistry of lipid in human leprosy. Int. J. Lepr., 38(4):389-403, 1970.
37. SAKURAI, I. & SKINSNES, O. K. Studies on lipids in leprosy. 3. Chromatographic analysis of lipid in leprosy. Int. J. Lepr., 39(2) :113-130, 1971.
38. SOUZA, P. R. & ALAYON, F. L. Sobre a presença de lipidio nas lesões cutâneas de lepra. Rev. Bras. Leprol., 10(4) :371-381, 1942.
39. SOUZA CAMPOS, N. & SOUZA, P. R. Reactional states in leprosy: lepra reaction tuberculoid reactivation (tuberculoid leprae reaction) reactional tuberculoid leprosy borderline (limitantes) lesions. Int. J. Lepr., 22(3) :259-273, 1954.
40. STEIN, A. A. Zur Morfologie der Leprareaktion. I. Mitteilung. Histologische Verãnderugen bei der. I. typus von Leprareaktion. Int. J. Lepr., 7(2) :149-159, 1939.
41. STEIN, A. A. Zur Morfologie Leprareaktion. II. Mitteilung. Histologische Verãnderungen bei der. II. Typus von Leprareaktion, Int. J. Lepr„ 7(3) :341-348, 1939.
42. SUGAI, K. Histopathological studies on human leprosy. IV. Histochemical analysis of abnormal fats in leprous lesions, especially on fat deposition in lymphnodes. Lepro, 27:215-227, 1958.
43. VIRCHOW, R. Die Krankhaften Geschwulste. Berlin, Hirschwald, 1864. v. 2, p. 494.

Publicado

1977-11-30

Cómo citar

1.
NEVES RG. A coloração de, lipídios pelo Sudão lll. Importância na classificação histopatológica da hanseníase. Hansen. Int. [Internet]. 30 de noviembre de 1977 [citado 19 de mayo de 2024];2(2):135-52. Disponible en: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/36065

Número

Sección

Artigos de investigação científica