O Estigma da Hanseníase: Relato de uma Experiência em Grupo com Pessoas Portadoras
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Palavras-chave

hanseníase
emoções
efeitos psicossociais da doença
educação em saúde

Como Citar

1.
Baialardi KS. O Estigma da Hanseníase: Relato de uma Experiência em Grupo com Pessoas Portadoras. Hansen. Int. [Internet]. 30º de junho de 2007 [citado 22º de novembro de 2024];32(1):27-36. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/35191

Resumo

Este artigo é o relato de uma experiência em grupo com indivíduos portadores de hanseníase que tem por objetivo aprofundar as questões relativas ao ser humano, que apresenta esta doença. A hanseníase é uma enfermidade milenar que traz consigo a marca do preconceito, discriminação e exclusão social desde o seu surgimento. Durante um longo tempo os indivíduos foram rejeitados pela sociedade, família e amigos e condenados a viver em total situação de privação perdendo o contato com o mundo externo para evitar a contaminação. O estigma se faz presente desde os tempos bíblicos e continua fazendo parte do imaginário das pessoas ainda nos dias atuais. Embora, atualmente a hanseníase tenha tratamento e cura, o estigma e o
preconceito permanecem enraizados em nossa cultura e dificultam o indivíduo no enfrentamento da doença, trazendo-lhes sérias repercussões em sua vida pessoal e profissional. Os relatos dos sentimentos e vivências apresentados pelos participantes no grupo evidenciam as dificuldades enfrentadas pelos mesmos, desde a busca do diagnóstico, a conscientização do mesmo, a realização do tratamento e após a cura, uma vez que sua trajetória continua para tratar as incapacidades físicas. A hanseníase deixa marcas profundas nos seres humanos devido às inúmeras perdas decorrentes da doença. Os indivíduos necessitam resgatar sua auto-estima, seus vínculos e relacionar-se para reintegrar-se ao mundo real. Os sentimentos relacionados a esta doença como o medo, a vergonha, a culpa, a exclusão social, a rejeição e a raiva fazem parte do seu cotidiano.

https://doi.org/10.47878/hi.2007.v32.35191
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