Resumo
Uma mulher de 35 anos com hanseníase virchoviana, apresentou lesões características do Fenômeno de Lúcio, que evoluíram com necrose e grandes ulcerações em sua face e membros. Houve infecção secundária com septicemia e choque e a paciente faleceu no décimo dia da internação. Foram observados focos de necrose e exsudação neutrofílica em granulomas virchovianos em linfonodos e fígado, várias tromboses venosas e broncopneumonia. Os dados desta necrose e os da literatura sugerem que o Fenômeno de Lúcio é um infarto hemorrágico de áreas cutâneas causado pela oclusão de veias de plexos da derme profunda e do tecido subcutâneo, envolvidos previamente pela infiltração virchoviana e bacilos. Os focos exsudativos observados em granulomas virchovianos em linfonodos e fígado, sugerem uma reação tipo 2 com uma evolução subclínica e as alterações exsudativas a nível destas veias podem precipitar sua oclusão total. Um paciente com Fenômeno de Lúcio se comporta como um grande queimado, pois perde água, sais e proteínas pelas ulcerações que apresenta e está sujeito a infecção bacteriana das mesmas. Várias áreas de necrose na derme e subcutâneo podem liberar fatores de coagulação que causam as tromboses encontradas em vários territórios venosos. Não há relação entre os focos de necrose na mucosa gastrointestinal e a hanseníase, e elas são certamente causadas pelo choque.
Referências
2. AZULAY, R.D. Auto agressive hanseniasis.J. Am. Acad. Dermatol., v.17, n.6, p.1042-1046, 1987.
3. CALUX, M.J.F. Contribuição ao estudo do eritema necrosante (Fenômeno de Lúcio) na hanseníase. (Tese). Faculdade de Medicina de São Paulo (USP), 1989.
4. LATAPI, F. CHEVEZ-ZAMORA, A. La lepra manchada de Lúcio. Estudo clínico e histopatológico.Dermatologia (Mex), v. 22, p.102-7, 1978.
5. LÚCIO, R., ALVARADO, I. Opuscullo sobre o mal de San Lázaro o elefanciasis de los griegos.Dermatologia (Mex), v.22, p.93-101, 1978.
6. NOGUEIRA, M.E.S., FLEURY, R.N., ARRUDA, M.S.P. Eritema nodoso hansênico. Análise comparativa do quadro histopatológico pelas técnicas de rotina e imunofluorescência. Rev. Hans. Internationalis, v. 20, n.1, p. 11-18, janeiro/junho, 1995.
7. NOVALES, J. Lepra de Lúcio. Ill - Aspectos histológicos. Dermatologia (Mex), v. 22, p. 164-174,1978.
8. . RODRIGUEZ, O. Lepra de Lúcio - I - História e concepto. Dermatologia (Mex), v. 22, p. 117-40, 1978.
9. SAUL, A., NOVALES, J. La lèpre de Lúcio - Latapi et le phènomene de Lúcio. Acta Leprol. (Géneve), v. 92, p. 115-24, 1983.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.