Resumo
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa com evolução lenta e de natureza crônica, causando impacto no cotidiano dos sujeitos, como sofrimento, abandono, deformidades físicas e problemas psicossociais. Objetivos: Descrever o perfil clínico e socioeconômico, avaliar a qualidade de vida (QV), ocorrência de transtornos depressivos e o grau de incapacidade física de pessoas com hanseníase e suas correlações. Métodos: Estudo transversal, quantitativo, descritivo e analítico, desenvolvido no município de Uberaba (MG), em um centro de saúde especializado. Após o consentimento dos participantes foram realizadas entrevistas com aplicação dos questionários: Clínico e Socioeconômico; Inventário de depressão de Beck- BDI para avaliação dos graus de depressão; Questionário WHOQOL-bref para avaliação da QV. Posteriormente, o Formulário de Classificação de Incapacidades Físicas (IFH) foi preenchido por meio da revisão de prontuários. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética local nº 2173/2014. Análises estatísticas descritivas foram realizadas. Resultados: 32 pacientes participaram do estudo, destes 59,4% eram do sexo masculino; manchas na pele ocorreram em 43,8% da amostra. Em relação ao IFH, 37,5% eram de grau I; a QV obteve menor escore no domínio físico do WHOQOL-bref (11,54 ±2,22). O BDI evidenciou que 68,7 % dos pacientes não apresentavam sintomas depressivos. As correlações entre QV e IFH foram negativas e significantes (p<0,01) nos domínios físico, psicológico e relações sociais. Conclusão: Os resultados possibilitaram conhecer melhor a população e sua realidade. A hanseníase atinge homens e mulheres, a QV e o indicativo de depressão têm correlação com a idade mais avançada, com o maior grau de incapacidade, com a menor renda familar, com a escolaridade mais baixa e com a capacidade produtiva dos indivíduos. A avaliação dos pacientes deve ser feita de maneira rotineira e humanizada, para que ocorra o diagnóstico precoce com a busca ativa de casos, recursos que devem ser priorizados pelas equipes multidisciplinares de sáude.
Referências
2 Coelho AR. O sujeito diante da hanseníase. PesquiPrát Psicossociais [Internet]. 2008 [citado em 2016 Fev 18];2(2):364-72. Disponível em: http://www.ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/revistalapip/coelho_artigo.pdf
3 Luka EE. Understanding the stigma of leprosy. Southern Sudan Medical Journal [Internet]. 2010 [cited 2016 Fev 29];3(3):1-4. Available from: http://www.southsudanmedicaljournal.com/assets/files/Journals/vol_3_iss_3_aug_10/Leprosy%20stigma.pdf
4 Mantellini GG, Gonçalves A, Padovani, CR. Incapacidades físicas em hanseníase: coisa do passado ou prioridade na prevenção?. Hansen Int [Internet]. 2009 [citado em 2016 Jan 28];34(2):33-39. Disponível em: http://www.ilsl.br/revista/detalhe_artigo.php?id=10970
5 Costa MD, Terra FS, Costa RD, Lyon S, Costa AMDD, Antunes CMF. Avaliação da qualidade de vida de pacientes em surto reacional de hanseníase tratados em centro de referência. An Bras Dermatol. 2010;87(1):26-35. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0365-05962012000100003
6 Pieri FM. A atenção aos doentes de hanseníase no sistema de saúde de Londrina, PR [dissertação]. São Paulo: Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem; 2013.
7 Gorenstein C, Andrade L. Validation of a Portuguese version of Beck Depression Inventory and the State-Trait Anxiety Inventory in Brazilian subjects. Braz J Med Biol Res. 1996 Apr;29(4):453-7.
8 Fleck MPA, Lima AF, Louzada S, Schestasky G, Henriques A, Borges VR, Camey S. Association of depressive symptoms and social functioning in primary care service, Brazil. Rev Saude Publica. 2002;36(4):431-8. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000400008
9 Cohen J. Statistical power analysis for the behavioral sciences. 2nd ed. Hillsdale, USA: Lawrence Erlbaum Associates; 1988.
10 Finez MA, Salotti, SRA. Identification of the degree of impairment in leprosy patients through a simplified neurological evaluation. J Health Sci Institute [Internet]. 2011 [cited 2016 Jan 25];29(3):171-5. Available from: http://www.unip.br/comunicacao/publicacoes/ics/edicoes/2011/03_jul-set/V29_n3_2011_p171-175.pdf
11 Jansen K, Mondin TC, Ores LC, Souza LDM, Konradt CE, Pinheiro RT, et al. Transtornos mentais comuns e qualidade de vida em jovens: uma amostra populacional de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. Cad Saúde Pública. 2011;27(3):440-8. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-311X2011000300005
12 Castro RNC, Veloso TC, Matos LJS Filho, Coelho LC, Pinto LB, Castro AMNC. Avaliação do grau de incapacidade física de pacientes com hanseníase submetidas ao dermatology quality life índex em centro de referência e unidades básicas de saúde de São Luis, Maranhão, MA. Rev Bras Clín Médica. 2009 [citado em 2016 Fev 17];7:390-2. Disponível em: http://files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2009/v7n6/a007.pdf
13 Silva RA Sobrinho, Mathias TAF, Gomes EA, Lincoln PB. Avaliação do grau de incapacidade em hanseníase: uma estratégia para sensibilização e capacitação da equipe de enfermagem. Rev Latino-Am Enfermagem. 2007;15(6):1125-30. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692007000600011
14 Nascimento AMF. Avaliação da qualidade de vida, do desempenho nas atividades diárias e da consciência de risco das pessoas acometidas pela hanseníase após a alta da poliquimioterapia padrão OMS no município de Nova Iguaçu/RJ [dissertação]. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina; 2012.
15 Duarte MTC, Ayres JA, Simonetti JP. Socioeconomic and demographic profile of leprosy carriers attended in nursing consultations. Rev Latino-Am Enfermagem. 2007; 15(Spe):774-9. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692007000700010
16 Pieri FM, Ramos ACV, Crispim JA, Pitiá ACA, Rodrigues, LBB, Silveira, RS, et al. Fatores associados às incapacidades em pacientes diagnosticados de hanseníase: um estudo transversal. Hansen Int [Internet]. 2012 [citado em 2016 Mar 18];37(2):22-30. Disponível em: http://www.ilsl.br/revista/detalhe_artigo.php?id=12010.
17 Amaral EP, Lana FCF. Análise espacial da hanseníase na microrregião de Almenara, MG, Brasil. RevBras Enfermagem. 2008;61(Spe):701-7. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672008000700008
18 Santos KS, Fortuna CM, Santana FR, Gonçalves MFC, Marciano FM, Matumoto S. Significado da hanseníase para pessoas que viveram o tratamento no período sulfônico e da poliquimioterapia. Rev Latino-Am Enfermagem. 2015;23(4):620-7.doi: http://dx.doi.org/10.1590/0104-1169.0323.2596
19 Neiva RJ. A hanseníase enquanto doença e representação social nas mulheres do Vale do Jequitinhonha – MG [dissertação]. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina; 2015.
20 Silva MFC. Relação entre a irregularidade do tratamento poliquimioterápico e a ocorrência de episódios reacionais em pacientes com Hanseníase [dissertação]. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz; 2015.
21 Nascimento GRC, Barrêto AJR, Brandão GCG, Tavares CM. Ações do enfermeiro no controle de hanseníase. RevEletrEnferm [Internet]. 2011 Out/Dez [citado em 2016 Mar 16];13(4):743-50. Available from: http://www.fen.ufg.br/revista/v13/n4/v13n4a20.htm.
22 Moura LMA, Pereira MA, Veloso LC. Estratégias utilizadas pelos serviços de saúde na detecção precoce da hanseníase: uma revisão integrativa. Rev. Saúde em foco [Internet]. 2015 [citado em 2016 Abr 13];2(1):130-50. Disponível em: http://www4.fsanet.com.br/revista/index.php/saudeemfoco/article/view/524/850
23 Reis MR, Albuquerque KR, Silva MP, Nascimento FCV, Paiva MP. Vivência de enfermeiros da atenção básica nas ações de controle da hanseníase no município de Teresina-PI. Rev Saúde em foco [Internet]. 2015 [citado em 2016 Abr 30];2(2):115-24. Disponível em: http://www4.fsanet.com.br/revista/index.php/saudeemfoco/article/view/883/866
24 Cassol AM, Campos AP Junior, Morais JS, Machado MS, Ramos ML. Perfil epidemiológico e incapacidades físicas em pacientes com hanseníase no centro de saúde de Barra do Garças – MT. Interdisciplinar [Internet]. 2015 [citado em 2016 Abr 08];13(1):64-8. Disponível em: http://revista.univar.edu.br/index.php/interdisciplinar/article/view/421
25 Rosa G, Lima M, Brito W, Moreira A. Análise da completude do grau de incapacidade em hanseníase da regional de saúde de Rondonópolis/MT. RevGestão & Saúde [Internet]. 2016 [citado em 2016 Abr 07];7(1):82-95. Disponível em: http://gestaoesaude.unb.br/index.php/gestaoesaude/article/view/1075/pdf.
26 Gomes JR.“Desatando nós” no diálogo entre equipe e usuários subsídios para a captação dos contatos de pacientes portadores de hanseníase do Ambulatório Souza Araújo [dissertação]. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz; 2015.
27 Pereira DL, Brito LM, Nascimento AH, Ribeiro EL, Lemos KRM, Alves JN, et al. Estudo da prevalência das formas clínicas da hanseníase na cidade de Anápolis-GO. Ensaios e Ciência. 2012 [citado em 2016 Abr 01];16(1):1-13. Disponível em: http://www.redalyc.org/pdf/260/26025372004.pdf
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.