Perfil sociodemográfico, clínico e geoespacial de casos novos de hanseníase diagnosticados no Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru, São Paulo, entre 2015 e 2019

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47878/hi.2021.v46.37428

Palavras-chave:

Hanseníase. Epidemiologia descritiva. Mapeamento Geográfico.

Resumo

Embora o Brasil venha apresentando uma redução considerável no número de casos novos de hanseníase, alguns estudos têm demonstrado transmissão ativa mesmo em áreas não endêmicas, como o estado de São Paulo. Diante disso, investigamos o perfil sociodemográfico, clínico e geoespacial dos casos novos de hanseníase diagnosticados entre 2015 e 2019 no Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL), um centro de referência localizado no município de Bauru, interior do estado de São Paulo. Foram diagnosticados 177 novos casos de hanseníase nesse período, sendo 61,6% dos pacientes naturais do estado. A maioria dos indivíduos era do sexo masculino (59,9%) e a faixa etária mais prevalente foi de 60 a 69 anos; 79,1% se autodeclaravam brancos e 65,6% possuíam pouca ou nenhuma escolaridade. A forma clínica dimorfa foi a mais frequente (42,4%), a baciloscopia foi positiva em 38,4% dos pacientes (49,0% entre o sexo masculino e 22,5% entre o sexo feminino) e 49,0% dos pacientes possuíam incapacidades no diagnóstico. O georreferenciamento, realizado para os casos oriundos do município de Bauru (n = 31), revelou que a maioria dos pacientes residia em regiões com elevado nível de vulnerabilidade social. O perfil dos pacientes atendidos no ILSL apontou para predominância de homens adultos ou idosos com baixa escolaridade, multibacilares, apresentando incapacidades físicas e longo tempo de sintomas. Em conjunto, nossos dados sugerem atraso no diagnóstico que pode contribuir para a manutenção da transmissão da hanseníase mesmo numa região não endêmica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

World Health Organization. Weekly epidemiological record. Wkly Epidemiol Rec [Internet]. 2020 [cited 2021 Aug 20];95(36):417-40. Available from: http://www.who.int/wer.

Maymone MBC, Laughter M, Venkatesh S, Dacso MM, Rao PN, Stryjewska BM, et al. Leprosy: Clinical aspects and diagnostic techniques. J Am Acad Dermatol. 2020;83(1):1-14. doi: https://doi.org/10.1016/j.jaad.2019.12.080.

Las Águas JT. VI Congreso Internacional de Leprologia: Madrid 1953. Fontilles Rev Leprol. 1995;20(1):599-602.

Lastória JC, Abreu MAMM. Leprosy: review of the epidemiological, clinical, and etiopathogenic aspects – Part 1. An Bras Dermatol. 2014;89(2):205-18.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Hanseníase no Brasil, Caracterização das Incapacidades Físicas. Brasília: Ministério da Saúde; 2020. 96 p.

Brakel WH Van, Sihombing B, Djarir H, Beise K, Kusumawardhani L, Yulihane R, et al. Disability in people affected by leprosy: the role of impairment, activity, social participation, stigma and discrimination. Glob Heal Action. 2012;5(18394):1-11. doi: http://dx.doi.org/10.3402/gha.v5i0.18394.

World Health Organization. Global leprosy update, 2018 : moving towards a leprosy free world. Geneva: WHO; 2019.

Ministério da Saúde (BR). Boletim Epidemiológico de Hanseníase. Brasília: Ministério da Saúde; 2020.

Duarte-Cunha M, Souza-Santos R, de Matos HJ, de Oliveira MLW. Aspectos epidemiológicos da hanseníase: uma abordagem espacial. Cad Saúde Pública. 2012;28(6):1143-55.

Lockwood DNJ, Suneetha S. Leprosy: too complex a disease for a simple elimination paradigm. Bull World Heal Organ. 2005;83(3):230-5.

Souza EA, Boigny RN, Ferreira AF, Alencar CH, Oliveira MLW, Ramos AN. Vulnerabilidade programática no controle da hanseníase: padrões na perspectiva de gênero no Estado da Bahia, Brasil. Cad Saude Pública. 2018;34(1):1-14.

Ayres J, França Júnior I, Calazans G, Saletti Filho H. Conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios. In: Czeresnia D, Freitas C, editors. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro; 2003. p. 40-117.

Ministério da Saúde (BR). Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde – SUS [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 1996. [acesso 20 ago 2021]. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/legislacao/nobsus96.htm.

Ministério da Saúde (BR). Guia para o controle da hanseníase [Internet]. Departamento da Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. [acesso 20 ago 2021]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_de_hanseniase.pdf.

Moura ADA, Albuquerque ERDO, Chaves ES, Souza AR de, Lima GG de, Chaves CS. Perfil dos portadores de hanseníase de um centro de referência de um estado brasileiro. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2016 [acesso 20 ago 2021];24(6):9625. Disponível em: http://www.epublicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/9625.

Hacker M de AVB, Sales AM, Albuquerque ECA, Rangel E, Nery JAC, Duppre NC, et al. Pacientes em centro de referência para hanseníase: Rio de Janeiro e Duque de Caxias, 1986-2008. Ciênc. Saúde Colet. 2012;17(9):2533-41.

Agência FIOCRUZ de notícias. Pesquisa destaca centros de referência no combate à hanseníase [Internet]. 2021 [acesso 23 ago 2021]. Disponível em: https://agencia.fiocruz.br/pesquisa-destaca-centros-de-referencia-no-combate-hanseniase.

Ferreira MLLT, Pontes MAA, Silveira MIS, Araújo LF, Kerr LRS. Demanda de um centro de referência nacional para hanseníase no nordeste brasileiro: por que o excesso de pacientes? Cad Saúde Coletiva. 2008;16(2):243-56.

Instituto Lauro de Souza Lima [Internet]. Bauru: Instituto Lauro de Souza Lima; [data desconhecida]. [acesso 23 ago 2021]. Disponível em: http://www.ilsl.br/index.php.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Download para fins estatísticos [Internet]. Brasília: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2020 [acesso 20 ago 2021]. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias/downloads-geociencias.html.

Peiter PC, Barcellos C, Rojas LBI, Gondim GMM. Espaço geográfico e Epidemiologia. In: Ministério da Saúde (BR), editor. Abordagens espaciais na Saúde Pública – Volume 1. Brasília: Fundação Oswaldo Cruz; 2006. p. 11-38.

Alencar CHM, Ramos AN, Sena Neto SA, Murto C, de Alencar M de JF, Barbosa JC, et al. Diagnóstico da hanseníase fora do município de residência: uma abordagem espacial, 2001 a 2009. Cad Saude Publica. 2012;28(9):1685-98.

Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados. Índice Paulista de Vulnerabilidade Social [Internet]. São Paulo: SEADE; 2013. [acesso 20 ago 2021]. Disponível em: http://ipvs.seade.gov.br/view/pdf/ipvs/metodologia.pdf.

Marzliak MLC. Relatório de Monitoramento Hanseníase [Internet]. São Paulo: Coordenadoria de Controle de Doenças; 2016. [acesso 20 ago 2021]. Disponível em: https://portal.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/hanseniase/doc/hans16_relatorio2015.pdf.

Alves CJM, Barreto JA, Fogagnolo L, Contin LA, Nassif PW. Avaliação do grau de incapacidade dos pacientes com diagnóstico de hanseníase em serviço de dermatologia do estado de São Paulo. Rev Soc Bras Med Trop. 2010;43(4):460-1.

Opromolla PA, Dalben I, Cardim M. Análise geoestatística de casos de hanseníase no estado de São Paulo. Rev Saúde Pública. 2006;40(5):907-13.

Ramos ACV, Yamamura M, Arroyo LH, Popolin MP, Chiaravalloti Neto F, Palha PF, Uchoa SAC, et al. Spatial clustering and local risk of leprosy in São Paulo, Brazil. PLoS Negl Trop Dis. 2017;11(2):e0005381. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5344525/pdf/pntd.0005381.pdf.

Nobre ML, Illarramendi X, Dupnik KM, Hacker M de A, Nery JA da C, Jerônimo SMB, et al. Multibacillary leprosy by population groups in Brazil: Lessons from an observational study. PLoS Negl Trop Dis. 2017;11(2):1-14.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sistema IBGE de Recuperação Automática. Pesquisa Mensal de Emprego – PME [Internet]. Brasília: IBGE; 2016. [acesso 23 ago 2021]. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/pme/quadros/total-dasareas/fevereiro-2016.

Oliveira MHP, Romanelli G. Os efeitos da hanseníase em homens e mulheres: um estudo de gênero. Cad Saude Publica.1998;14(1):51-60. doi: https://doi.org/10.1590/S0102-311X1998000100013.

Lastória JC, de Abreu MAMM. SBD-RESP na busca ativa de casos de hanseníase. An bras dermatol [Internet]. 2011 [acesso 23 ago 2021];86(3):613-8. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962011000300039.

Aquino EML. Gênero e saúde: perfil e tendências da produção científica no Brasil. Rev Saúde Pública 2006;40(N Esp):121-32.

Ferreira TC, Rigoli FH. Territórios e fluxos na conformação do sistema de saúde: a contribuição do geoprocessamento. In: Ribeiro H, editor. Geoprossesamento em saúde, muito além de mapas. São Paulo: Manole; 2017. p. 31-50.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Vigilância em Saúde: dengue, esquistossomose, hanseníase, malária, tracoma e tuberculose. 2. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde; 2008. (Cadernos de Atenção Básica, n. 21. [acesso 23 ago 2021]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_hanseniase.pdf.

Rodrigues-Júnior AL, Tragante V, Motti VG. Estudo espacial e temporal da hanseníase no estado de São Paulo, 2004-2006. Rev Saúde Publica. 2008;42(6):1012-20.

Murto C, Chammartin F, Schwarz K, da Costa LMM, Kaplan C, Heukelbach J. Patterns of Migration and Risks Associated with Leprosy among Migrants in Maranhão, Brazil. PLoS Negl Trop Dis. 2013;7(9):e2422.

Murto C, Ariza L, Alencar CH, Chichava OA, Oliveira AR, Kaplan C, et al. Migration among individuals with leprosy: a population-based study in Central Brazil. Cad. Saúde Pública. 2014;30(3):487-501.

Freitas LRS, Duarte EC, Garcia LP. Leprosy in Brazil and its association with characteristics of municipalities: ecological study, 2009-2011. Trop Med Int Health. 2014;19(10):1216-25.

Lopes VAS, Rangel EM. Hanseníase e vulnerabilidade social: uma análise do perfil socioeconômico de usuários em tratamento irregular. Saúde em Debate. 2014;38(103):817-29.

Rodrigues LC, Lockwood DNJ. Leprosy now: epidemiology, progress, challenges, and research gaps. Lancet Infect Dis. 2011;11(6):464-70. doi: http://dx.doi.org/10.1016/S1473-3099(11)70006-8.

Menezes VM, Guedes JCR, Fernandes LSA, Haddad NM, Lima RB, Martins ES, et al. Perfil clínico-epidemiológico de pacientes com hanseníase atendidos em hospital universitário no Rio de Janeiro entre 2008 e 2017. Med (Ribeirão Preto Online). 2019;52(1):7-15.

Dias MCFDS, Dias GH, Nobre ML. Distribuição espacial da hanseníase no município de Mossoró/RN, utilizando o Sistema de Informação Geográfica – SIG. An Bras Dermatol. 2005;80(SUPPL.3):289-94.

Pescarini JM, Strina A, Nery JS, Skalinski LM, Andrade KVF de, Penna MLF, et al. Socioeconomic risk markers of leprosy in highburden countries: A systematic review and meta-analysis. PLoS Negl Trop Dis. 2018;12(7):1-20.

Blas E, Kurupo AS. Neglected tropical diseases: equity and social determinants and public health programmes [Internet]. Geneva: World Health Organization; 2010 [cited 2021 Aug 20]. Available from: https://apps.who.int/iris/handle/10665/44289.

Tavares FF, Betti G. The pandemic of poverty, vulnerability, and COVID-19: Evidence from a fuzzy multidimensional analysis of deprivations in Brazil. World Dev [Internet]. 2021 [cited 2021 Aug 20];139:105307. Available from: https://doi.org/10.1016/j.worlddev.2020.105307.

Silva NN, Favacho VBC, Boska GA, Andrade EC, Merces NP, Oliveira MAF. Access of the black population to health services: ntegrative review. Rev Bras Enferm. 2020;73(4):e20180834.

Wei GS, Coady SA, Goff DC, Brancati FL, Levy D, Selvin E, et al. Blood pressure and the risk of developing diabetes in African Americans and Whites: ARIC, CARDIA, and the Framingham Heart Study. Diabetes Care. 2011;34(4):873-9.

São Paulo (Estado). Retratos de São Paulo: distribuição da população, por raça/cor [Internet]. São Paulo: SEADE; 2010 [acesso 23 ago 2021]. Disponível em: http://produtos.seade.gov.br/produtos/retratosdesp/view/index.phptemaId=1&indId=5&locId=1000&busca=.

Bahia (Estado). Secretaria de Estado da Saúde. Manual de Normas e Rotinas do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN – Saúde do Trabalhador [Internet]. Salvador: Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador; 2009 [acesso 23 ago 2021]. Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/wp-content/uploads/2017/12/Manual-do-SINAN-Saúde-do-Trabalhador.pdf.

Publicado

16-12-2021

Como Citar

1.
Chagas LBM de O, Oliveira NG de, Baptista IMFD, Nieto Brito de Souza V. Perfil sociodemográfico, clínico e geoespacial de casos novos de hanseníase diagnosticados no Instituto Lauro de Souza Lima, Bauru, São Paulo, entre 2015 e 2019. Hansen. Int. [Internet]. 16º de dezembro de 2021 [citado 26º de abril de 2024];46:1-22. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/37428

Edição

Seção

Artigos originais

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)