Resumo
Este estudo objetivou verificar a frequência de incapacidade física em casos novos de hanseníase do município de Campo Grande, diagnosticados no período de abril de 2008 a março de 2009, bem como, caracterizar os aspectos clinico-pidemiológicos e sociodemográficos. Entre os 69 casos atendidos no período, mais da metade apresentou algum grau de incapacidade física (59,4%), sendo que 18,8% dos casos foram detectados com GIF II. Há uma concentração de casos na população do sexo masculino (59,4%) e associação entre sexo e grau de incapacidade física II, com GIF II entre os homens de 24,1%, mesmo fato observado com as formas clínicas multibacilares, com 33,3% de virchowianos com GIF II. A proporção de casos na população de até 15 anos foi elevada (10,1%) maior do que encontrada em outros estudos. Observou-se predomínio (84,0%) de pessoas com baixa escolaridade, com no máximo ensino fundamental completo e com renda per capita de até 1,5 salário mínimo. Quanto à distribuição geográfica dos casos, existe no município predomínio nos Distritos Sul e Norte (65,1%). Os achados deste estudo evidenciam que profissionais e gestores de saúde devem incentivar melhorias no diagnóstico precoce, avaliação dos casos, seguimento e serviços de prevenção de incapacidade dos pacientes com hanseníase.
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