Resistência a dapsona e rífampícina em Mycobacterium leprae isolado de pacientes portadores de hanseníase no Estado de São Paulo

Autores

  • Suzana Madeira Diório Bióloga, Pesquisadora Científica IV, chefe da Equipe Técnica de Microbiologia do Instituto Lauro de Souza Lima. Mestra em Doenças Tropicais.
  • Marli Izabel Penteado Manini Médica Dermatologista da Divisão de Hansenologia e Dermatologia Sanitária/SP.
  • Lazara Moreira Trino Biologista do Instituto Lauro de Souza Lima.
  • Beatriz Gomes Carreira Sartori Biologista do Instituto Lauro de Souza Lima.
  • Diltor Vladimir Araújo Opromolla Médico Dermatologista, Hansenologista, Pesquisador Emérito do Instituto Lauro de Souza Lima.

DOI:

https://doi.org/10.47878/hi.2005.v30.35490

Palavras-chave:

Mycobacterium leprae, resistência, dapsona, rifampicina

Resumo

Os relatos de resistência a dapsona e rifampicina fizeram com que a Organização Mundial de Saúde preconizasse, em 1981, a poliquimioterapia para o tratamento da hanseníase. A prevenção da seleção de cepas mutantes resistentes às drogas é um de seus principais objetivos. A dapsona foi a primeira droga a ter comprovação experimental de resistência e isto só foi possível depois que a técnica de inoculação do bacilo em coxim plantar de camundongos foi padronizada em 1960. Critérios importantes a serem considerados para se suspeitar de resistência seriam recidivas em pacientes multibacilares já tratados, ou em  tratamento, ou resposta clínica insatisfatória. Nosso estudo teve por objetivo detectar cepas resistentes à dapsona e rifampicina entre 40 pacientes tratados, com sinais clínicos de recidiva, procedentes de cidades do Estado de São Paulo e capital, utilizando a técnica de inoculação do bacilo em coxim plantar de camundongos. Foram observados bacilos resistentes à dapsona em 11 casos, sendo 05 de resistência total, 01 intermediária e 05 parcial. Bacilos resistentes à rifampicina foram observados em apenas 02 casos. Não se observou nenhum caso de resistência múltipla. O alto índice obtido de resistência à dapsona, provavelmente é
decorrência de muitos anos de monoterapia sulfônica ou de seus derivados. No caso da rifampicina, provavelmente a droga foi utilizada de forma irregular, em monoterapia ou ainda, o paciente pode ter utilizado a previamente para tratar outra moléstia. A detecção de bacilos resistentes entre pacientes que não melhoram clinicamente ou que recidivam após o tratamento, é uma questão importante a ser considerada na prevenção futura de novos casos de resistência. A emergência de cepas resistentes, especialmente à rifampicina, bem como a sua disseminação, pode trazer dificuldades ao tratamento do paciente e se constituir em ameaça aos programas de controle da hanseníase.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

1 World Health Organization Study Group. Chemotherapy of leprosy for control programs. Report. Geneva; 1982. (WHO - Technical
Report Series. Geneva, 675).
2 World Health Organization. [homepage on the internet]: EHmination of Leprosy as a Public Health Problem [updated 2005 March], Disponível em: http://www.who.int/lep/
3 Ji B. Drug resistence in leprosy - a review. Lepr rev 1985; 56: 265-78.
4 Floch H. La sulfono-résistance du Bacille de Hansen. Archlves de LvInstitui Pasteur de la Cuyane Française et de L'lnini 1957; 18: 1-9, pub licação nc429.
5 Shepard CC. The experimental disease that follows the injection of human leprosy bacilli into foot pads of mice. j exp med 1960; 112: 445-57.
6 Pettit jHS, Rees RJW. Sulfone resistance tn leprosy. An experimental and clinicai study. Lancet 1964; 2: 673-4.
7 Guinto RS, Cellona RV, Fajardo, TT, Cruz EC. Primary dapsone-resistant leprosy in Cebu, Philippines. Int j lepr other mycobact dis 1981; 49(4): 427-30.
8 Matsuoka M, Kashiwabara Y, Namisato M. A Mycobacterium leprae isolate resistant to dapsone, rifampin, ofloxacin and sparfloxacin. Int j lepr other mycobact dis 2000; 68 (4): 452-55.
9 Cillis TP, Williams DL. Dapsone resistance in Mycobacterium leprae. Lepr rev, Workshop Proceedings 2000; 71(1), Suppl S91-5.
10 Cambau E, Bonnafous P, Perani E, Sougakoff W, Ji B, Jarlier V. Molecular detection of rifampin and ofloxacin resistance for patients who experience relapse of multibacillary leprosy. Clin infect dis 2002; 34: 39-45.
11 Sekar B et a/. Drug susceptibility of Mycobacterium leprae: a retrospective analysis of mouse foot pad inoculation results from 1983 to 1997. Lepr rev 2002; 73: 239-44.
12 Shetty VP, Wakade AV, Ghate S, Pai W, Ganapati R, Antia NH. Viability and drug susceptibility test ing of Mycobacterium leprae using mouse foot pad in 37 relapse cases of leprosy. Int j lepr other mycobact dis 2002; 71 (3): 210-17.
13 Costa HC, Opromolla DVA, Madeira S, Marques FB, Martel li ACC, Ura S. Prevalência de sulfono resistência em pacientes hansenianos do município de Bauru, Estado de São Paulo. Hansen int 1993; 18(1/2): 5-10.
14 World Health Organization - Dapsone-resistant leprosy - The THELEP Approach. Int j lepr other mycobact dis 1981; 49(4): 421 -25.
15 World Health Organization. Laboratory Techniques for Leprosy. Geneya; WHO; 1987.
16 |i B. Drug susceptibility testing of Mycobacterium leprae. Int j lepr other mycobact dis 1987; 55(4) Suppl 830-35.
17 Opromolla DVA, Costa HC, Oliveira PRD. Resistência medicamentosa múltipla secundária na hanseníase. Hansen int 1993; 18(1/2): 11-6.
18 Dallas WS, et al. Cloning, sequencing and enhanced expression of the dihydropteroate syn thase gene of Escherichia coli MC 4100. j bacteri ol 1992; 174(18): 5961-70.
19 Fermer C, Swedberg G. Adaptation to sulfonamide resistance in Neisseria meningitidis may have required compensatory changes to retain enzyme function: kinetíc analysis of Dihydropteroate synthase from Neisseria meningitidis expressed in aknockout mutant of Escherichia coli. J bacteriol 1997; 179(3): 831-37.
20 Lopez P, Espinosa M, Greenberg B, Sacks, S A. Sulfonamide resistance in Streptococcus pneumo niae: DNA sequence of the gene encoding dihy dropteroate synthase and characterization of the enzyme. ) bacteriol 1987; 169(9): 4320-26.
21 Jacobson RR, Hastings RC. Rifampin resistant leprosy. (Letter) Lancet 1976; ii:l 304-5.
22 Jacobson RR. Final report of the WHO regional working group on drug policy and operational research in the leprosy programme; Manila, Philippines; 1981; 10.
23 Guelpa-Lauras CC, Crosset JH, Constant- Deportes M, Brucker G. Nine cases of rifampicin resistant leprosy. Int j lepr other
mycobactdis 1984; 52:101-2.
24 Grosset JH et al. Study of 39 documented relapses of multi bacillary leprosy after treatment with rifampin. Int j lepr other mycobact dis 1989; 57: 607-14.
25 Honoré N, Cole ST. Molecular basis of rifampin resistance in Mycobacterium leprae. Antimicrob agents chemother 1993; 37: 414-18.
26 Levy L. Multiplication of Mycobacterium leprae in normal mice. Int J lepr other mycobact dis 1987; 55(4)Suppl 814-18.
27 Gupta UD, Katoch K, Singh HB. Assessment of via bility by normal MFP and bacillary ATP biolumi nescenceassay in multi bacillary cases treated with an MDT using conventional as well as newer drugs like minocycline and ofloxacin. Indian j lepr 2000; 72: 437- 42.
28 Subcommittee on clinicai trials of the chemotherapy of leprosy (THELEP). Scientific working group of the UNDP/World Bank/WHO special programme for research and training in tropical disease. The THELEP controlled clinicai drug trials. Int j lepr other mycobact dis 1987; 55: 864-71.
29 Almeida JG, Chacko CJC, Christian M. The significance of dapsone (DDS)- resistant Mycobacterium leprae in untreated patients. Int j lepr othermycobact dis 1983; 51: 374-77.
30 Gupta UD, Katoch VM. Understanding the phnomenon of persistence in mycobacterial infections. Indian j lepr 1997; 69(4):385-93.
31 Levy L. Treatment failures in leprosy. Int j lepr other mycobact dis 1976; 44:177-82

Publicado

30-06-2005

Como Citar

1.
Diório SM, Manini MIP, Trino LM, Sartori BGC, Opromolla DVA. Resistência a dapsona e rífampícina em Mycobacterium leprae isolado de pacientes portadores de hanseníase no Estado de São Paulo. Hansen. Int. [Internet]. 30º de junho de 2005 [citado 28º de março de 2024];30(1):9-14. Disponível em: https://periodicos.saude.sp.gov.br/hansenologia/article/view/35490

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

<< < 1 2 3 4 5 6 > >>